Por: João de Jesus
Com a valorização do dólar frente ao real, a economia brasileira tem sofrido diversos efeitos importantes para toda a sociedade, principalmente no comércio exterior. Diante disso, a moeda americana quando se fortalece, gera impactos nas exportações e importações. Dessa forma, o custo dos produtos estrangeiros e a competitividade do que é produzido no Brasil começa a variar no mercado internacional.
Competitividade das exportações
O setor exportador brasileiro tende a se fortalecer um pouco, pois os produtos nacionais tornam-se mais acessíveis no exterior. Por exemplo, setores como agronegócio, mineração e commodities (carne, minério de ferro, soja e aço) ganham competitividade nos mercados internacionais.
Todavia, o crescimento vai depender também de fatores internos, como os custos da produção. Então, o processo é chamado de “uma via de mão dupla”. Ou seja, manter o mesmo preço nas vendas, pode fazer os produtos brasileiros terem maior aceitação no mercado, mas o que se usa para produzir e exportar a mercadoria passa a ter um valor mais alto, se comprado em outros países.
No caso da agroindústria, por exemplo, insumos e maquinário importados geram um alto investimento do setor, pois o dólar alto encarece esses itens, pressionando os custos e reduzindo as margens de lucro.
Aumento dos custos de importação
Empresas que necessitam de produtos, máquinas e tecnologias estrangeiras para produzir o material enfrentam aumentos consideráveis nos custos. Diante disso, alguns setores se tornam vulneráveis à oscilação cambial e precisam aumentar o valor da produção final, para não ter prejuízos.
Uma alternativa é optar por nacionalizar parte de sua produção ou buscar fornecedores locais. Porém, essa substituição de importações demanda tempo, investimento e uma cadeia de suprimentos nacional robusta e competitiva.
Inflação e poder de compra
O brasileiro sente na pele os efeitos da alta do dólar. Alguns produtos ficam mais caros, o que gera a elevação da inflação e impacta o poder de compra do consumidor. Logo, o governo precisa resolver um impasse: equilibrar políticas monetárias e fiscais, controlando o crescimento inflacionário, sem comprometer a economia do Brasil.
Setores beneficiados e prejudicados
Embora todas essas dificuldades existem áreas que conseguem algum ganho no cenário de dólar alto. Agronegócio, indústria de base, mineração e siderurgia são alguns setores que exportam grande parte do que produzem. Assim, são de certa forma beneficiados, caso não sejam completamente dependentes do exterior na produção e logística.
Porém, o varejo, os bens de consumo e o turismo sofrem impactos negativos. Este último tem dois fatores que precisam ser levados em conta. As viagens internacionais ficam menos acessíveis para os brasileiros, por conta do alto valor de uma moeda exterior. Por outro lado, o Brasil passa a se tornar um destino mais atrativo para turistas estrangeiros, fortalecendo a área aqui no país.
Estratégias para empresas
Diversificar mercados de exportação e buscar fornecedores locais são alternativas eficazes para enfrentar este desafio. Além disso, o hedge cambial é uma prática comum para tentar neutralizar a volatilidade da moeda. Esta significa cobertura ou limite, sendo uma ferramenta de proteção contra grandes variações de preços dos ativos para a compra ou venda futura.
Com o investimento em inovação e melhorias na eficiência produtiva faz com que os empresários não fiquem tão suscetíveis às variações cambiais. Outros meios eficientes são certificações internacionais e aprimoramento da qualidade, tornando o produto atrativo no exterior.
O papel do Governo
O governo brasileiro precisa sempre agir com relação à alta do dólar. Então, as políticas públicas precisam ser promovidas para reforçar a competitividade e sustentar a economia do país.
Como passar pelo processo de alta do dólar?
De acordo com o advogado Dr. João Valença, da VLV Advogados, em entrevista recente na imprensa, esse contexto exige das empresas brasileiras resiliência. “É necessário adaptabilidade e inovação, bem como uma resposta coordenada do governo”, lembra ele. Portanto, é possível fortalecer o comércio exterior e assegurar a estabilidade econômica em um cenário global de constantes mudanças.
Mas, mesmo que por um pequeno período, o brasileiro sentirá os efeitos, como relata o Dr. Valença, num exemplo hipotético. “Até mesmo no ‘cafezinho da lanchonete’, vai precisar pagar mais caro, pois todo um processo aconteceu para que aquele café chegasse até ali”, finaliza ele.
Produção e Edição: João de Jesus, radialista e assessor de imprensa, além de jornalista, recém graduado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.