Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial e irmã da ex-vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, formalizou uma denúncia ao conselho de ética do Partido dos Trabalhadores (PT) contra Washington Quaquá, atual prefeito de Maricá (RJ) e vice-presidente nacional do partido. A motivação foi o apoio público de Quaquá aos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, réus no Supremo Tribunal Federal (STF) como mandantes do assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes.
O ofício protocolado por Anielle na quarta-feira (15) classifica a postura de Quaquá como “antiética” e “não condizente com os princípios, direitos e deveres de um dirigente partidário do Partido dos Trabalhadores”. A ministra alega que Quaquá, ao se posicionar em defesa dos irmãos Brazão, “tenta descredibilizar de forma irresponsável e leviana” a luta por Justiça das famílias das vítimas e prejudica a imagem do governo Lula.
A Polêmica Declaração de Quaquá
Washington Quaquá publicou, em 9 de janeiro, uma foto ao lado da família Brazão e declarou acreditar na inocência dos réus. A declaração gerou forte reação de Anielle Franco, que, sem citar o nome do prefeito, repudiou o uso do nome de sua irmã de forma que classificou como “repugnante”.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, no dia 11 de janeiro, Quaquá reiterou seu apoio aos irmãos Brazão e pediu para que “juristas sérios” reavaliassem o caso. Ele sugeriu, sem apresentar provas, que a família Bolsonaro teria conexões com o caso.
“Peço que juristas sérios revejam o processo para ver se há prova contra os Brazão”, disse Quaquá. “Sei que as maiores ligações que existem entre o assassino que está sendo beneficiado com a sua própria delação é com a família Bolsonaro.”
No entanto, a investigação da Polícia Federal descartou qualquer relação entre a família Bolsonaro e o caso. O inquérito concluiu que o assassinato foi motivado por grilagem de terras de interesse de milicianos ligados aos Brazão na zona oeste do Rio de Janeiro.
Divisão no PT Sobre Punições a Quaquá
A postura de Quaquá gerou um racha dentro do PT. Parte do partido defende a expulsão do dirigente, considerando a gravidade das declarações e o impacto negativo na imagem da sigla. Outra ala, porém, acredita que o afastamento de Quaquá da vice-presidência do partido seria uma punição suficiente.
O trâmite no conselho de ética do PT tende a ser lento, já que depende de aprovação pela maioria da executiva nacional, que passará por renovação em uma eleição interna marcada para julho deste ano.