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O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), reagiu com firmeza à declaração do presidente Lula (PT), que, ao sancionar a lei de renegociação de dívidas estaduais, comparou sua ação à de Jesus Cristo. Em suas redes sociais, Zema rebateu: “Jesus Cristo perdoaria todas as dívidas e jamais cobraria juros abusivos de quem ajuda a construir o Brasil”.
A fala do governador reflete sua insatisfação com os vetos presidenciais ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), que impõem condições rigorosas a estados altamente endividados, como Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
O Contexto da Polêmica
Na última semana, Lula sancionou a lei que reestrutura R$ 760 bilhões em dívidas dos estados com a União. Contudo, os vetos ao texto original frustraram governadores, que esperavam mais flexibilidade nas condições de pagamento. Zema, que classificou a decisão como injusta, afirmou que os mineiros terão que repassar R$ 5 bilhões a mais em 2024 e 2026, mesmo diante do recorde de arrecadação federal estimado em R$ 2,4 trilhões.
Em resposta à sanção, o governador mineiro declarou: “É dinheiro pra sustentar privilégios e mordomias. Enquanto os estados lutam para equilibrar contas, o Planalto mantém 39 ministérios, viagens faraônicas, gastos supérfluos no Alvorada e um cartão corporativo sem transparência. Até quando o contribuinte vai bancar essa desordem?”
Lula e a Comparação com Jesus
Na cerimônia de assinatura do contrato de concessão da BR-381/MG, Lula provocou Zema, afirmando que merecia um prêmio pelo que foi feito com o Propag. Ele ainda comparou sua atuação à de Cristo: “O que nós fizemos para os estados que não pagavam dívidas talvez só Jesus Cristo fizesse se ele concorresse à Presidência da República deste país.”
Zema, por sua vez, respondeu que, ao contrário do governo federal, Cristo perdoaria as dívidas e não imporia condições abusivas. Ele também expressou esperança de que o Congresso derrube os vetos presidenciais para garantir mais justiça e previsibilidade financeira aos estados.
A Reação de Outros Governadores
Zema não está sozinho em sua crítica ao governo federal. Governadores de outros estados altamente endividados, como Ronaldo Caiado (Goiás), Cláudio Castro (Rio de Janeiro) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), também se manifestaram contra os vetos de Lula ao Propag. Juntos, esses estados representam cerca de 90% da dívida total renegociada.
Os governadores afirmam que as condições impostas pelo governo federal dificultam o equilíbrio financeiro das unidades federativas e aumentam a pressão sobre suas administrações.
Um Debate que Vai Além das Dívidas
A troca de farpas entre Lula e Zema evidencia tensões mais amplas entre o governo federal e algumas lideranças estaduais. Enquanto Lula destaca as ações de sua gestão, Zema critica o que considera ser excesso de gastos federais e falta de apoio concreto aos estados.
A questão agora será analisada no Congresso, onde os vetos presidenciais ao Propag poderão ser mantidos ou derrubados, definindo o futuro das finanças estaduais.