
A volta de Donald Trump à Casa Branca, com Elon Musk como conselheiro próximo, está redefinindo o cenário das redes sociais e impulsionando debates sobre liberdade de expressão. Enquanto nos Estados Unidos as big techs passam a operar com menos restrições governamentais, no Brasil, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encara o novo contexto como um desafio à narrativa progressista e às ações de regulação das plataformas digitais.
Trump e Musk: Defensores da Liberdade Digital
No discurso que marcou sua posse no último dia 20, Trump deixou claro que a liberdade de expressão será uma prioridade em sua administração. Uma de suas primeiras medidas foi desobrigar as plataformas digitais de atenderem a pedidos do governo para remover conteúdos, garantindo um espaço mais amplo para debates e a diversidade de opiniões.
Elon Musk, que já demonstrou publicamente seu compromisso com a livre circulação de ideias, reforça essa postura com sua liderança no X (antigo Twitter), promovendo uma política de moderação menos restritiva e dando voz a diferentes perspectivas globais.
Reação do Governo Lula
A equipe de Lula vê com preocupação o impacto dessa nova postura internacional. Auxiliares do presidente avaliam que a capacidade de Trump e Musk de influenciar o debate público global poderá fortalecer narrativas conservadoras no Brasil, especialmente em temas ligados ao STF e às decisões do governo federal.
Entre os pontos de atenção levantados pelo Planalto estão:
- O potencial de replicação em massa de postagens críticas ao governo brasileiro e ao STF, especialmente em relação a ministros como Alexandre de Moraes;
- A amplificação de discursos sobre liberdade de expressão que desafiem a tentativa de regulação das redes sociais no Brasil;
- A mobilização de influenciadores e parlamentares conservadores em torno das pautas de Trump e Musk, como a oposição ao controle governamental sobre as plataformas digitais.
Redes Como Ferramenta de Mobilização
A volta de Trump, combinada à influência de Musk, é vista por apoiadores de Jair Bolsonaro como uma oportunidade para revitalizar pautas importantes do campo conservador no Brasil. Entre elas, destacam-se:
- A busca por uma anistia política no Congresso Nacional;
- O fortalecimento do discurso de que o Brasil enfrenta uma suposta “ditadura do Judiciário”;
- Pressões para retirar vistos de entrada nos Estados Unidos de ministros do STF.
A viralização de conteúdos conservadores, como o vídeo do deputado Nikolas Ferreira sobre a fiscalização do Pix, é apontada como exemplo de como as redes podem impulsionar temas domésticos relevantes com alcance internacional.
Defesa da Liberdade nas Redes
Para muitos, as mudanças nos Estados Unidos representam um avanço na defesa da liberdade de expressão, em um momento em que governos ao redor do mundo tentam ampliar o controle sobre as plataformas digitais. No Brasil, no entanto, a regulação das redes sociais, que está sendo julgada pelo STF, é vista pelo governo Lula como uma ferramenta essencial para limitar conteúdos que considera prejudiciais.
O novo ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, afirmou que a ascensão de Trump e Musk exige maior controle sobre as redes sociais no Brasil. Ele classificou a colaboração entre o republicano e o bilionário como uma “ameaça coesa” que pode desafiar a narrativa progressista e a estabilidade institucional no país.
Um Cenário de Mudança Global
A aliança entre Trump e Musk sinaliza uma mudança significativa no equilíbrio de forças no cenário digital global, com impacto direto em países como o Brasil. Enquanto o governo Lula tenta reforçar sua presença nas redes e regulamentar as plataformas, a dupla norte-americana promove um discurso de respeito à liberdade e resistência ao controle governamental, conquistando apoio entre conservadores e defensores da liberdade de expressão.