
O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), expressou preocupação com o uso de algemas em brasileiros deportados dos Estados Unidos, classificando a medida como degradante e desrespeitosa. O caso envolve 88 cidadãos brasileiros que chegaram ao país no último sábado (25) em um voo fretado pelo governo americano, pousando em Manaus antes de seguir para Confins (MG). Apesar das críticas públicas de Pacheco à ação norte-americana, sua postura contrasta com o silêncio absoluto sobre as condições degradantes em que manifestantes presos em 8 de janeiro foram mantidos no Brasil.
Pacheco Critica Tratamento nos EUA
Em nota oficial, Rodrigo Pacheco afirmou que acompanha o caso com preocupação:
“A decisão por um novo procedimento na política de imigração, que é um direito assegurado a todos os países, não pode vendar nossos olhos diante de situações degradantes e denúncias de agressões e maus-tratos. O respeito à dignidade humana é um conceito consagrado em um mundo civilizado e democrático”, disse.
O Itamaraty também anunciou que pedirá explicações ao governo americano sobre o uso de algemas nos deportados, considerados desnecessárias por autoridades brasileiras.
Deportados e o Governo Lula
Os deportados, que vinham de Alexandria, Virgínia, nos Estados Unidos, fizeram uma escala no Panamá antes de chegar ao Brasil. Ao desembarcarem em Manaus, autoridades brasileiras descobriram que eles estavam algemados e, por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) foi disponibilizado para transportá-los ao destino final em Confins.
O Ministério das Relações Exteriores afirmou que buscará explicações formais e qualificou o tratamento como “degradante”. O ministro-chefe da AGU, Jorge Messias, também criticou o episódio, declarando: “Fere a nossa soberania e a dignidade da pessoa humana, bases da nossa Constituição. Agiram muito bem o Presidente Lula, o Ministro da Justiça Lewandowski e a PF.”
Hipocrisia de Pacheco e Esquecimento dos Presos de 8 de Janeiro
Embora Pacheco e outros líderes governamentais se mostrem indignados com o uso de algemas em brasileiros deportados, o silêncio diante das condições em que os manifestantes de 8 de janeiro foram detidos no Brasil revela uma contradição gritante. Muitas dessas pessoas enfrentaram superlotação, denúncias de maus-tratos e condições desumanas nos presídios, mas não receberam o mesmo tratamento solidário ou atenção política.
A seletividade nas críticas evidencia um padrão onde certos grupos recebem defesa fervorosa enquanto outros, que não estão alinhados ideologicamente com o governo atual, são ignorados. Essa dualidade levanta dúvidas sobre a sinceridade das preocupações com direitos humanos por parte de Pacheco e outros membros do governo.
Hipocrisia
O caso dos deportados é mais uma oportunidade para questionar o verdadeiro compromisso do governo com a dignidade humana. Enquanto Pacheco e outros líderes se apressam em criticar ações dos Estados Unidos, falta coerência ao ignorarem abusos ocorridos dentro do próprio país. A defesa dos direitos humanos não pode ser usada de forma seletiva para favorecer uma agenda política.