A Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) cancelou a reunião de urgência que havia sido convocada para discutir as mudanças na política migratória dos Estados Unidos. O encontro foi marcado após o impasse entre o governo de Donald Trump e o presidente colombiano Gustavo Petro, em meio a uma crise diplomática gerada pela recusa da Colômbia em aceitar deportados algemados e acorrentados.
A negativa de Petro em permitir a entrada de aviões militares dos EUA carregando imigrantes deportados gerou forte reação da Casa Branca, levando Trump a impor sanções e tarifas de importação contra a Colômbia. O republicano chegou a ameaçar um aumento tarifário de até 50%, mas, após negociações, os dois países chegaram a um acordo condicional, garantindo que os imigrantes deportados receberiam tratamento digno.
Falta de consenso paralisa a Celac
Apesar dos esforços para mediar a crise, a Celac não conseguiu um entendimento entre seus membros, resultando no cancelamento da cúpula. Em nota oficial, Honduras, que exerce a presidência pro tempore da organização, justificou a decisão alegando que as resoluções do bloco precisam ser tomadas por consenso.
“A prioridade da Celac é promover a integração regional, a cooperação e a defesa dos direitos dos migrantes, especialmente nas circunstâncias delicadas que envolvem os Estados Unidos e os países da América Latina”, afirmou o governo hondurenho.
A nota também destacou que Honduras tem buscado um debate contínuo sobre questões críticas da região, como a crise humanitária no Haiti, os impactos das políticas migratórias dos EUA e a situação dos imigrantes em trânsito.
Cúpula cancelada e crise encerrada
A reunião emergencial havia sido convocada no domingo (26) pela presidente hondurenha, em resposta ao episódio envolvendo os deportados colombianos. No entanto, sem um entendimento entre os membros, o encontro foi cancelado.
A crise diplomática entre EUA e Colômbia foi oficialmente encerrada na noite de domingo, após um comunicado da Casa Branca, afirmando que o governo colombiano aceitou todas as condições impostas por Trump para a retomada dos voos de deportação.
O episódio evidencia a fragilidade da Celac em lidar com disputas internacionais e sua dificuldade em unificar posições sobre temas sensíveis, como a imigração e a relação da América Latina com os Estados Unidos.