Arthur Lira está prestes a deixar a presidência da Câmara dos Deputados. Ele é cogitado para assumir do Ministério da Agricultura. O deputado declarou que a equipe de primeiro escalão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva sofre de “falta de sintonia” e “desequilíbrio”. Durante uma entrevista ao jornal O Globo, Lira expressou críticas à condução política da administração do PT e recomendou ajustes na forma de articulação.
Quando questionado sobre a redução na popularidade de Lula, Lira atribuiu essa tendência ao descontentamento entre os eleitores do presidente e a oposição. Ele destacou a complexidade em equilibrar questões sociais com a responsabilidade fiscal, insistindo que não existe uma “varinha de condão” para solucionar os problemas.
“Eu tenho a impressão de que o governo vai ter que arrumar do primeiro andar para a cobertura, e o primeiro andar é a economia, emprego, inflação”, enumerou. “Depois, tem a credibilidade política. O governo está com déficit, com dificuldades no Parlamento, na relação institucional. É preciso solucionar.”
O parlamentar acredita que o governo deve tomar ações mais decisivas na economia e na interação com o Congresso antes de considerar somente mudanças ministeriais. Lira reconheceu a necessidade de uma reforma ministerial, mas destaca que meramente redistribuir posições não assegurará uma estabilidade política: “Só em cima, não salvará, não resolverá.”
Ele também expressou críticas à maneira inicial de distribuição dos ministérios, apontando que o Senado recebeu mais prestígio que a Câmara, mesmo com esta última estando mais alinhada ao governo nas votações.
Falta ‘sintonia’ no governo Lula
Uma das afirmações mais incisivas de Lira tratou das discordâncias internas no governo. Ele apontou a ausência de alinhamento entre diferentes setores. “Há um desencontro do governo com o próprio governo, entre áreas do governo; não há uma sintonia.”
Convites para ministério
Em relação à possibilidade de assumir um posto no governo, Lira continua evitando dar uma resposta conclusiva. Ele negou especulações e garantiu que jamais dialogou com Lula ou qualquer integrante do governo sobre tal assunto. No que tange a um eventual convite para o Ministério da Agricultura, sua declaração foi firme: “Não tenho respostas para algo que nunca foi conversado”.
A negativa cuidadosa evita atritos com o governo, mas não fecha portas para eventuais negociações futuras.
Lula X Bolsonaro
Em relação ao pleito de 2026, Lira admitiu que a situação ainda não está claramente definida. Ele enfatizou que, no momento, Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro são os protagonistas da corrida eleitoral. Ele traçou um paralelo entre a inelegibilidade de Bolsonaro e a prisão de Lula em 2018, indicando possíveis lacunas na Constituição que podem afetar o resultado das eleições.
“A decisão de apoiar um ou outro precisa ser muito amadurecida”, esquivou-se. “Hoje, o PP não tem essa decisão clara de que iremos para cá ou para lá.”
Quando questionado sobre sua trajetória política futura, Lira não exclui a possibilidade de concorrer a um cargo majoritário em 2026, seja para o Senado ou para o governo de Alagoas. Ele indica que existe uma pressão para sua ascensão política e que a decisão será baseada na posição de seu partido.
“Sempre há cobranças por ascensão a cargos majoritários, como governador, vice ou senador”, afirmou. “Isso depende do grupo político, mas há a possibilidade.”
As informações são da Revista Oeste