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O economista David Deccache afirmou ter sido demitido da liderança do Psol na Câmara dos Deputados após criticar a política econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele denunciou assédio moral dentro do partido e acusou o deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) de agir de maneira autoritária para remover assessores que discordavam da orientação política da sigla.
Em entrevista ao Estadão, Deccache afirmou que sua exoneração foi articulada por Boulos devido às suas críticas ao ajuste fiscal do governo. O economista integra uma ala do partido que defende maior flexibilidade fiscal, o que contraria a postura adotada pela liderança do Psol.
A legenda, por sua vez, negou que a demissão tenha tido motivação política. Nem Boulos nem o partido comentaram diretamente as alegações.
Pressão interna e denúncias de assédio
Deccache, que trabalhou por oito anos na Câmara dos Deputados como assessor do Psol, declarou que os assessores sofriam pressão para alterar pareceres sem retirar suas assinaturas, com o objetivo de facilitar consensos internos sem discussão sobre pontos polêmicos.
“Os assessores se sentiam pressionados e pediam demissão. Eu me mantive, independentemente do assédio. Tivemos casos de licença médica por adoecimento mental na assessoria nos últimos dois anos”, denunciou.
O economista relatou ainda que, em 2023, quando Boulos era líder da bancada, enfrentou forte pressão para orientar o voto favorável ao arcabouço fiscal do governo. Segundo ele, o deputado exigiu que a recomendação fosse dada sem destaques ou debates internos.
“Ele me interrompeu e disse: ‘David, você vai colocar a orientação de voto sim, e sem destaque’”, afirmou. Diante da recusa, um assessor de Boulos teria reforçado a ordem, alertando-o sobre os riscos de se indispor com o futuro candidato à prefeitura de São Paulo.
Deccache afirmou que levou as denúncias à atual líder do partido na Câmara, deputada Talíria Petrone (RJ), mas não obteve resposta. Em nota oficial, a liderança do Psol declarou que o caso é interno e que Petrone não se manifestaria sobre o assunto.
Acusações de difamação e possível processo judicial
A decisão de exoneração de Deccache foi aprovada por oito votos a cinco na bancada do Psol. Os parlamentares que votaram a favor justificaram a medida alegando que o economista teria feito ataques públicos contra deputados e contra a presidente do partido, chamando-os de “oportunistas, covardes e mentirosos”.
Deccache negou as acusações e anunciou que tomará medidas legais contra o grupo por difamação.
O Psol, em comunicado oficial, declarou que um assessor em cargo de confiança não pode atacar a representação política que o indicou, pois isso configura “conflito ético-profissional”. Entre os parlamentares que assinaram a decisão de exoneração estavam Boulos, Erika Hilton, Luciene Cavalcante, Ivan Valente, Henrique Vieira, Talíria Petrone, Tarcísio Motta e Célia Xakriabá.