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A defesa de Filipe Martins, ex-assessor internacional de Jair Bolsonaro (PL), entrou com duas ações na Justiça dos Estados Unidos para apurar uma possível fraude em seu registro de entrada e saída do país. A suspeita é de que investigadores brasileiros tenham inserido informações falsas no sistema norte-americano para justificar sua prisão no inquérito da chamada trama golpista. As informações são de Caio Junqueira, da CNN.
As ações foram protocoladas no dia 23 de janeiro, três dias após a posse de Donald Trump, e a defesa acredita que, sob o novo governo republicano, os processos tramitem com maior celeridade, devido à relação próxima entre Bolsonaro e Trump e aos contatos que Martins manteve com aliados do ex-presidente norte-americano enquanto era assessor no Planalto.
Martins foi preso e permaneceu detido por mais de seis meses com base na acusação de que havia deixado o Brasil no final de 2022. No entanto, ele comprovou que não saiu do país, apresentando documentos como uma passagem de Brasília para Curitiba em 31 de dezembro daquele ano.
A defesa argumenta que foi inserida indevidamente no sistema norte-americano a informação de que Martins teria entrado nos EUA no dia 30 de dezembro de 2022, o que serviu para fundamentar sua prisão e posterior indiciamento pela Polícia Federal (PF).
Pedidos à Justiça dos EUA
Foram movidas duas ações para esclarecer a possível adulteração nos registros:
- Solicitação judicial para a liberação integral dos registros históricos de Martins no Customs and Border Protection (CBP), incluindo metadados e logs que possam identificar quem inseriu, editou ou removeu informações sobre suas supostas entradas e saídas nos EUA.
- Pedido de abertura de uma investigação criminal na Justiça americana para apurar o caso.
Antes de recorrer à Justiça, Martins já havia feito denúncias ao FBI e ao Homeland Security (órgão responsável pela imigração dos EUA), mas, segundo sua defesa, o governo de Joe Biden não deu andamento às investigações. Agora, com Trump no poder, a expectativa é que o caso ganhe maior atenção e seja tratado com prioridade.
A suspeita de que agentes brasileiros manipularam registros oficiais em outro país levanta sérios questionamentos sobre a condução do inquérito no Brasil e pode gerar repercussões internacionais caso a fraude seja comprovada.