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Um vídeo foi recuperado nas redes sociais, no qual o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, acusa agentes da Lava Jato de “tortura”. Essa declaração foi comparada por um usuário do X com a atitude do ministro Alexandre de Moraes, também do STF, durante a delação de Mauro Cid, ex-assistente de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Naquele período, Gilmar argumentou que somente após as confissões e acordos firmados, os investigados eram postos em liberdade. Ele ainda fez um apelo para a abertura de um inquérito a fim de elucidar os métodos empregados, categorizando a circunstância como uma “coisa de pervertidos”.
Nesta quinta-feira, 20, o vídeo do depoimento foi divulgado ao público. O sigilo do acordo de delação premiada do militar foi retirado por Moraes. Isso aconteceu logo após a Procuradoria-Geral da República (PGR) formalizar uma denúncia a respeito da alegada trama “golpista”.
Oposição denuncia tortura e coação em vídeos da audiência de Cid com Moraes
Alegações de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro indicam que Moraes teria utilizado métodos de “tortura” e coação durante a audiência com o tenente-coronel Mauro Cid.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que Cid modificou sua narrativa exatamente quando foi ameaçado de detenção pelo ministro.
“Isso é prática de tortura”, afirmou o senador. “Prenderam, deixaram ele sem ver as filhas e a esposa, ameaçaram prender familiares. Cid ainda teve a carreira arrebentada. Nesse cenário, a pessoa inventa até o que não viu para tentar se livrar.”
O líder da oposição na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), utilizou a expressão “coação premiada” para caracterizar a circunstância atual. Segundo ele, a intimidação de prisão ao investigado e à sua família representa tortura.
“Não é delação premiada, é coação premiada”, destacou o parlamentar. “Ameaçar de voltar a prender o cara, a mulher do cara, a filha maior do cara e o pai do cara, o que que é isso? Tortura.”
A revelação do acordo mostrou que Cid alterou pontos cruciais de sua declaração quando Moraes considerou anular a colaboração. Além disso, o ministro ameaçou ordenar sua detenção e intensificar as investigações relacionadas à sua família.
“Moraes ameaçou e intimidou a testemunha para, no mínimo, mudar o depoimento de acordo com seus interesses”, disse Nikolas. “O Brasil virou várzea. Onde está o Senado?”
O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) também se posicionou contra a postura do ministro do STF. “E esta ameaça do Alexandre de Moraes ao Cid?”, indagou. “Isso não é tortura? Ameaçar a ele e a sua família, pai, mulher e filha é o quê? Não é o famoso pau de arara do século XI? É muito revoltante!”
{Deltan Dallagnol, ex-deputado e ex-procurador da Lava Jato, usou suas redes sociais para expressar críticas à forma como a audiência foi conduzida e para zombar de ministros do STF.}
“Ministro Gilmar Mendes, seria esse um exemplo de ‘tortura’ e de pessoas ‘que só eram soltas depois de fazer acordo’?”, escreveu Dallagnol. “Ministro Dias Toffoli, seria esse um exemplo do ‘pau de arara do século XXI’? Garantistas de ocasião, prerrogativistas e defensores do direito de defesa apenas para os amigos têm algo a dizer?”
Dallagnol recordou declarações dos ministros feitas em 2023, nas quais criticaram ações da Lava Jato por supostos excessos.
Além de Gilmar, o ministro Dias Toffoli afirmou que membros da força-tarefa da operação recorreram à “uma verdadeira tortura psicológica, um pau de arara do século 21, para obter ‘provas’ contra inocentes”. O ex-procurador comparou essas críticas com a postura atual dos ministros no caso de Mauro Cid.
As informações são da Revista Oeste