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Ministra das mulheres é acusada de tentar negociar saída de secretária com oferta de verba

Gravações revelam conversa sobre recursos e apoio eleitoral

No dia 9 de agosto de 2024, Carmen Foro deixou seu cargo no Ministério das Mulheres, após alegar ter sido vítima de racismo. Apenas três dias depois, a ministra Cida Gonçalves reuniu-se com sua equipe e afirmou que já havia tentado “negociar” a saída de Carmen um mês e meio antes da demissão. Essa informação veio à tona por meio de gravações feitas por servidores da pasta e agora está em posse da Presidência da República.

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, as gravações revelam que Cida Gonçalves teria sugerido um acordo que incluía aumento de recursos para entidades no Pará, estado natal de Carmen Foro, além de financiamento externo para uma possível candidatura política da ex-secretária.

“Eu disse para ela que a gente tinha que construir uma saída, porque ela estava muito mais como candidata no Pará do que como secretária nacional”, declarou Cida, conforme divulgado pelo Estadão.

A ministra também afirmou que buscaria apoio institucional para que Carmen desempenhasse um papel na COP30, além de garantir recursos para manter sua base política no Pará.

Acusações de assédio e falta de transparência

Apesar das declarações da ministra, o dossiê enviado à Comissão de Ética Pública da Presidência da República (CEP) e à Controladoria-Geral da União (CGU) não especifica qual seria a função de Carmen Foro na COP30 nem a origem dos recursos prometidos.

Além das suspeitas de negociação irregular, o caso envolve denúncias de assédio moral. A secretária-executiva do Ministério das Mulheres, Maria Helena Guarezi, teria feito comentários depreciativos sobre o cabelo de Carmen Foro, causando abalo emocional na servidora.

Ministério nega irregularidades, mas caso segue em análise

Em nota, o Ministério das Mulheres afirmou que Cida Gonçalves enxergava Carmen Foro como uma possível articuladora na Conferência do Clima, mas negou qualquer promessa de apoio financeiro ou uso de recursos públicos para campanhas eleitorais.

Atualmente, a ministra enfrenta um cenário de pressão política, especialmente em meio à reforma ministerial em curso no governo Lula. Recentemente, ela foi homenageada no encontro de mulheres do grupo Prerrogativas, um dos principais aliados jurídicos do governo.

A análise do caso está nas mãos da Comissão de Ética da Presidência, sob relatoria de Edvaldo Nilo de Almeida, único conselheiro remanescente da gestão anterior. No entanto, quatro dos sete integrantes da comissão fazem parte do grupo Prerrogativas, o que levanta questionamentos sobre a imparcialidade do julgamento.
A defesa de Cida Gonçalves acredita que a denúncia será arquivada por falta de materialidade. Resta saber se o caso terá impactos na configuração do governo ou se será encerrado sem maiores consequências.

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