
A defesa do tenente-coronel do Exército Rodrigo Bezerra Azevedo, integrante do grupo conhecido como “kids pretos”, quer que o ministro Alexandre de Moraes preste depoimento como vítima na ação penal que ele mesmo julgará no Supremo Tribunal Federal (STF). A solicitação foi feita pelo advogado Jeffrey Chiquini e está ligada à suposta trama para um golpe de Estado entre 2022 e 2023, na qual Moraes teria sido alvo de monitoramento e um possível atentado.
O tenente-coronel está entre os 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), no mesmo processo que também envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Revela-se absolutamente necessária a oitiva do excelentíssimo ministro Alexandre de Moraes na qualidade de vítima, especialmente considerando que seu nome foi mencionado por pelo menos 43 vezes na peça acusatória”, argumenta a defesa.
A decisão sobre as testemunhas ainda depende da aprovação do próprio Moraes ou da maioria dos ministros do STF que julgarão o caso.
Defesa pede depoimentos de Lula e Flávio Dino
Além de Moraes, a defesa também quer que o ministro Flávio Dino e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sejam ouvidos como testemunhas.
O pedido para que Lula deponha não foi justificado pela defesa, enquanto Dino foi indicado por sua atuação como ministro da Justiça e Segurança Pública durante os atos de 8 de Janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas.
“Sua oitiva revela-se imprescindível para a devida elucidação de todos os procedimentos adotados pelos órgãos de segurança pública, responsáveis pela preservação da ordem e proteção das instituições democráticas no âmbito do Estado Brasileiro”, disse o advogado.
Cúpula do governo também foi citada como testemunha
Além de Lula e Dino, a defesa incluiu na lista de testemunhas o general Marco Edson Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e o delegado Alessandro Moretti, que atuou como diretor de Inteligência da Polícia Federal e diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
A estratégia da defesa pode levar a questionamentos sobre a imparcialidade do julgamento, já que o próprio relator do caso, Alexandre de Moraes, figura como possível vítima no processo.
Agora, cabe ao STF decidir se aceita ou não os pedidos para a inclusão das testemunhas no caso.