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Padilha nomeia ex-investigado pela PF para gerenciar R$ 100 bilhões na saúde

Mozart Sales foi exonerado após operação da PF que investigou desvios na Hemobrás

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), nomeou o petista Mozart Sales para o comando da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, que gerencia um orçamento de R$ 100 bilhões. O montante pode aumentar com a inclusão do programa de redução de filas para atendimentos especializados e cirurgias, uma das principais apostas da pasta.

Sales, aliado de longa data de Padilha, foi um dos responsáveis pela criação do Mais Médicos, programa que trouxe médicos cubanos para o Brasil. No entanto, seu histórico inclui uma passagem conturbada pela Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), onde foi investigado pela Polícia Federal (PF) na Operação Pulso, em 2015.

Na época, a PF apontou suspeitas de manipulação de licitações e desvio de recursos públicos na estatal, o que levou à exoneração de Sales e toda a diretoria da Hemobrás. Durante a operação, agentes federais flagraram dinheiro sendo jogado pela janela.

Damares cobra explicações de Padilha

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) questionou o ministro sobre a nomeação de um ex-investigado por corrupção para um dos cargos mais estratégicos da Saúde.

Em resposta, o Ministério da Saúde afirmou que a própria Polícia Federal concluiu que Mozart Sales não teve participação nas irregularidades, pois as suspeitas eram anteriores à sua posse como diretor da estatal. A pasta também alegou que todas as investigações foram arquivadas sem indiciamento.

O papel da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde

A secretaria que será comandada por Sales é responsável pelo controle de qualidade do Sistema Único de Saúde (SUS), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), doenças raras e pela certificação de entidades beneficentes que prestam serviços ao SUS. Além disso, gerencia recursos para tratamentos de alta e média complexidade.

Durante a gestão de Nísia Trindade no Ministério da Saúde, a secretaria foi alvo de polêmicas quando Cabo Frio (RJ) recebeu mais recursos que qualquer outra cidade do estado. Pouco depois, o filho da ministra foi nomeado secretário de Cultura do município, apesar de não ter experiência prévia no setor público.

Mozart Sales e sua influência na liberação de verbas

Antes de assumir a nova função, Mozart Sales atuava como assessor de Padilha na Secretaria de Relações Institucionais (SRI), sendo responsável pela mediação entre o governo e o Ministério da Saúde na distribuição de recursos.

Reportagem do UOL revelou que Sales esteve 76 vezes no ministério em um período de um ano e meio, mas sua agenda oficial registrava apenas 15 visitas. Além disso, ele teria ajudado um grupo seleto de prefeitos a conseguir repasses acelerados, sem critérios técnicos definidos.

Com sua nomeação para um cargo estratégico, a relação entre governo e Centrão pode se tornar mais tensa, já que Sales acumulou atritos com parlamentares na liberação de recursos da Saúde.


 

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