
Por: Pablo Carvalho
Os arquivos soviéticos abertos nos anos 1990 revelaram uma série de atrocidades cometidas pelo regime comunista, mas um documento em especial chamou atenção: um projeto de Josef Stálin para criar um exército de híbridos entre humanos e chimpanzés. A ideia era desenvolver uma nova “raça” de trabalhadores e soldados que fossem fisicamente resistentes e intelectualmente inferiores, programados para servir à ideologia soviética.
O cientista responsável pelo projeto foi Ilya Ivanovich Ivanov, pioneiro da inseminação artificial. Ele já havia tido sucesso na criação de híbridos entre espécies próximas, como zebras e burros, e acreditava que poderia estender esse conceito aos humanos. Em 1924, apresentou a proposta ao governo bolchevique, que, apesar da resistência de parte da comunidade científica, aprovou a experiência e forneceu financiamento para a captura de primatas na África.
Na Guiné, Ivanov capturou chimpanzés e inseminou três fêmeas com esperma humano. Nenhuma delas concebeu. Diante do fracasso, ele levou 20 macacos para um viveiro na Abcásia, dentro do território soviético, onde planejava um experimento ainda mais polêmico: inseminar mulheres humanas com esperma de chimpanzé. Pelo menos cinco voluntárias se ofereceram para o teste, mas a experiência foi interrompida quando o único macho apto para o experimento, um orangotango chamado Tarzan, morreu subitamente.
O projeto nunca se recuperou. Em 1930, Ivanov foi vítima dos expurgos stalinistas e enviado a um campo de trabalho no Cazaquistão, onde morreu dois anos depois. Seu nome foi apagado dos registros oficiais, e o governo soviético tentou esconder sua ligação com os experimentos.
Mas por que Stálin e seus aliados apostaram nesse projeto? Uma das razões era o desejo de provar a teoria de Darwin, usando a criação de híbridos como propaganda contra a religião, que os bolcheviques tentavam erradicar. Outra explicação mais ambiciosa é que os comunistas viam a ciência como ferramenta para remodelar a sociedade. Se a economia e o sistema político podiam ser transformados, por que não o próprio ser humano?
A ideia de moldar geneticamente indivíduos para se encaixarem melhor no modelo socialista inspirou cientistas soviéticos a explorar métodos de “eugenia positiva”, buscando características como resistência ao trabalho em comunidade e a eliminação de traços “primitivos”, como ambição e desejo de propriedade. O fracasso do experimento de Ivanov não encerrou essas tentativas, que continuaram sob novas formas, como as teorias pseudocientíficas de Trofim Lysenko na agricultura.
A utopia socialista prometida pelo regime nunca se concretizou, e a experiência bizarra de Ivanov ficou como mais um exemplo do radicalismo e das falhas da engenharia social comunista. No fim, o “homem socialista” nunca foi gerado — e a única criatura próxima a ele talvez seja um orangotango usando um boné do MST.
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