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Débora enfrenta pena maior que corruptos da Lava Jato por frase com batom no 8 de janeiro

Enquanto petista condenado na Lava Jato cumpriu apenas 3 anos, cabeleireira presa há dois pode pegar 14 por protesto simbólico

Em 2015, o ex-deputado federal André Vargas (PT-PR) foi condenado a 14 anos e quatro meses de prisão por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro , no âmbito da Operação Lava Jato . A sentença marcou um dos capítulos mais emblemáticos do combate à corrupção no país. Na época, as condenações desse tipo estavam associadas a crimes graves envolvendo milhões de reais em desvios públicos.

No entanto, em 2025, a mesma pena é sugerida para a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos , presa por envolvimento nos atos de 8 de janeiro de 2023 e conhecida por escrever com batom a expressão “Perdeu, mané” — uma alusão ao ministro Luís Roberto Barroso — na estátua da Justiça, em frente ao STF. Ela é mãe de duas crianças pequenas e está presa preventivamente há dois anos.

O caso de André Vargas ganhou notoriedade não apenas pelos crimes, mas também pelo confronto com o então ministro Joaquim Barbosa , do STF. Vargas ironizou o magistrado em uma sessão da Câmara dos Deputados, gesto que, à época, causou fortes acontecimentos nos bastidores do Judiciário.

Em comparação com o caso atual de Débora reacende a percepção de que há um componente emocional ou político por trás de decisões judiciais recentes , especialmente envolvendo manifestações públicas de crítica ou protesto simbólico.

Multa e agravantes na pena de Débora

Além da publicação de 14 anos sugerida pelo ministro Alexandre de Moraes , o voto do relator incluiu 100 dias-multa , o que representa um acréscimo de aproximadamente quatro meses de pena em valor monetário — cerca de R$ 50 mil , considerando a aplicação de um terço do salário-mínimo diário como base de cálculo.

A volta por cima de André Vargas

Condenado inicialmente por envolvimento em contratos fraudulentos com o laboratório Labogen, ligado ao doleiro Alberto Youssef, Vargas acabou libertado em 2018 , após cumprir três anos e meio de prisão. Em 2023, o STF anulou suas condenações , alegando incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba , uma vez que os atos criminosos ocorreram no Distrito Federal , não no Paraná.

Mudança de transferência, mudança de foco

A decisão que favoreceu Vargas foi baseada no mesmo argumento usado em diversos casos da Lava Jato, após o Supremo rever o alcance das competências da força-tarefa. A mudança de entendimento acabou beneficiando quantias de dinheiro condenadas por corrupção.

Enquanto isso, Débora Rodrigues , sem histórico criminosa, permanece presa com base em uma interpretação coletiva de responsabilidade penal nos protestos de 2023, ainda que seu ato tenha sido a simples escrita com batom sobre uma escultura pública, sem vandalismo permanente.

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