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Ao contrário do que disse Moraes, Trump jamais endossou o sistema eleitoral brasileiro

Ministro citou decreto de Trump como elogio ao sistema eleitoral brasileiro, mas presidente não endossou urnas

Na sessão da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira 26, o Ministro Alexandre de Moraes declarou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teria expressado admiração pelo sistema eleitoral brasileiro. De acordo com Moraes, as urnas eletrônicas do Brasil foram mencionadas como referência em um decreto assinado por Trump.

No decorrer do processo de acusação contra Jair Bolsonaro, Moraes declarou que o documento dos EUA confirmava a “lisura” das eleições brasileiras. Ele fez uma analogia entre o decreto firmado por Trump e um decreto independente do Brasil, afirmando que a ação americana usava o modelo brasileiro como padrão de segurança.

“O presidente norte-americano Donald Trump alterou a legislação por ato executivo –equivalente ao nosso decreto autônomo – para melhorar as eleições”, disse Moraes. “[…] O Brasil é citado expressamente como modelo de sucesso pelo presidente norte-americano. Enquanto isso, aqui, houve toda uma preparação para colocar em dúvida as urnas eletrônicas. E a Abin, sob a gestão de seu então diretor-geral, participou desse movimento.”

Entretanto, a afirmação não está alinhada com o conteúdo oficial. O Brasil é mencionado apenas uma vez no decreto, e não é para louvar as urnas eletrônicas. O documento refere-se ao país como um exemplo de uma nação que utiliza dados biométricos para identificar seus eleitores. Não existe nenhuma avaliação do sistema eleitoral brasileiro.

A publicação feita no site oficial da Casa Branca é voltada para a obrigatoriedade de comprovação de cidadania para votação. Em uma parte do conteúdo, é declarado: “Índia e Brasil, por exemplo, estão vinculando a identificação dos eleitores a um banco de dados biométrico, enquanto os Estados Unidos, em grande parte, dependem da autodeclaração de cidadania”. A única referência ao Brasil está neste trecho.

Donald Trump falou sobre o tema em entrevista

Na segunda-feira 24, Trump também abordou o tema em uma entrevista. Ele apoiou o uso de “cédulas em papel”, criticou o sistema atual dos Estados Unidos e citou a França como um exemplo a ser seguido.

“Nós precisamos fortalecer nosso país, nós precisamos fortalecer nossas eleições”, disse Donald Trump. “As nossas eleições são muito desonestas, muito corruptas. Nós precisamos fortalecê-las. E é tão fácil de o fazer. Nós deveríamos usar cédulas de papel, nós deveríamos ter um dia de votação e identificação de eleitor.”

Embora tenha se expressado publicamente e em documentos oficiais, Moraes argumentou durante a sessão no STF que os EUA estariam seguindo o modelo brasileiro. Além disso, ele associou as investigações da Abin e os ataques às urnas à acusação contra Bolsonaro. Sua declaração serviu como base para votar a favor do início do processo criminal.

A distorção não foi notada pelos outros ministros. Ninguém questionou o que Moraes disse. A sessão concluiu com a aprovação unânime da acusação contra o ex-presidente e mais sete suspeitos, que foram indiciados por tentativa de golpe.

As informações são da Revista Oeste

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