O jornalista Allan dos Santos, foragido da Justiça brasileira, voltou ao centro das atenções nas redes sociais nesta semana ao divulgar uma montagem provocativa que ironiza o ensaio fotográfico do ministro Alexandre de Moraes, publicado pela revista norte-americana The New Yorker. A imagem editada ganhou força entre opositores do Supremo Tribunal Federal e se espalhou rapidamente pelos meios digitais.
Na montagem, Moraes aparece na mesma pose austera do ensaio original — com capa preta esvoaçante, fundo vermelho e semblante solene —, mas agora com Allan surgindo ao fundo, trajando boné quadriculado, toalha no ombro e expressão debochada. A imagem não traz legenda, mas o recado visual é direto e político.
Crítica visual ao “protagonismo de toga”
A provocação de Allan dos Santos vai além da sátira: aponta para a crescente crítica de que Alexandre de Moraes teria deixado o papel de juiz técnico para assumir o de figura central na disputa política nacional. A montagem transforma a performance visual do ministro em símbolo do que seus opositores classificam como teatralização do poder judiciário.
Segundo críticos, Moraes tem se apresentado ao público, especialmente ao exterior, como um “strongman” — o homem forte da democracia brasileira —, função que ultrapassaria os limites constitucionais de um magistrado. A montagem ecoa esse incômodo, ironizando a tentativa de construção de imagem pública do ministro em nível internacional.
Timing da provocação não é acidental
A publicação da montagem ocorreu poucos dias após o ensaio fotográfico para a revista The New Yorker viralizar no Brasil, gerando intensos debates nas redes sociais e em veículos de imprensa. A reportagem da revista descreve Moraes como protagonista no combate ao “extremismo digital” e o retrata como uma figura quase heroica no contexto político atual do país.
Para opositores do ministro, no entanto, esse tipo de exposição seria mais um indício da politização do Supremo Tribunal Federal, e do próprio Moraes, que deixaria de aplicar imparcialmente a lei para assumir um papel de censor, julgador político e tutor moral da República.
Moraes no centro do embate político
A figura de Alexandre de Moraes tem sido alvo recorrente de críticas por parte de políticos, juristas e jornalistas que o acusam de extrapolar suas funções institucionais. Decisões relacionadas à liberdade de expressão, bloqueio de perfis nas redes sociais e inquéritos sigilosos alimentam a percepção de que o magistrado concentra poderes em excesso e atua com viés político.
A montagem de Allan dos Santos, nesse contexto, funciona como uma peça simbólica de resistência e provocação ao ministro, utilizando o humor visual para questionar a autoridade e o protagonismo assumido por Moraes nos últimos anos.
