
O empresário Luciano Hang, fundador da rede de lojas Havan, divulgou uma nota de repúdio após a Justiça do Trabalho condenar a empresa ao pagamento de indenização de quase R$ 6 mil a uma ex-funcionária da unidade de Jacareí (SP), por suposto “assédio eleitoral”. A decisão foi proferida em fevereiro, com base em relatos da funcionária sobre pressão no ambiente de trabalho por opiniões políticas divergentes das defendidas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em resposta, Hang classificou a sentença como “absurda”, negou as acusações e afirmou tratar-se de “perseguição política”.
“Não aceito calado esse tipo de perseguição”, afirma Hang
Na nota oficial, o empresário declarou:
“Não aceito calado esse tipo de perseguição” e “não aceito o errado como se verdadeiro fosse”, em tom de protesto contra o que considera uma injustiça judicial.
A sentença, assinada pelo juiz Fabrício Martins Veloso, aponta que havia clima hostil para funcionários que manifestavam apoio a partidos contrários ao de Bolsonaro. Segundo a denunciante, a gerência da loja demonstrava desaprovação aberta a opiniões políticas distintas, chegando a afirmar que o estabelecimento poderia fechar caso o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva vencesse as eleições. Ela também alegou que uma colega foi demitida após criticar Bolsonaro.
Menção ao número “13” gera polêmica
Entre os pontos destacados na decisão está a ausência do número “13” em armários e caixas da loja, o que o juiz considerou como indício de “constrangimento abusivo”. A Havan, por sua vez, rebateu a alegação, afirmando que essa exclusão numérica é prática adotada desde 1986 por escolha pessoal de Hang, sem qualquer conotação político-partidária.
Na nota, Hang criticou duramente o argumento:
“Usar isso como justificativa para condenação é um verdadeiro escárnio jurídico, julgamento extra petita, em que o juiz foi além do que podia”.
“Mostra mais uma vez uma imparcialidade no julgamento do processo, pois isso sequer foi citado pela ex-funcionária na petição inicial”, completou.
“É uma decisão política”, diz Hang
O empresário classificou a sentença como “lamentável e absurda”, reiterando sua convicção de que a motivação é política:
“É uma decisão política e sem qualquer base na realidade”, afirmou.
Hang também questionou a lógica da acusação, destacando que a ex-funcionária “se ampara em documentos e situações de 2018, sendo que ela só foi contratada em fevereiro de 2020 e desligada em abril de 2022”. Para ele, trata-se de uma tentativa de “obter vantagem financeira” por meio da distorção de fatos, após mais de dois anos de vínculo com a empresa.
Havan já foi condenada em outro caso semelhante
A Havan também foi alvo de decisão desfavorável em maio de 2024, quando a Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) manteve sentença que condenou a empresa por assédio eleitoral contra um ex-vendedor.
No processo, o funcionário relatou que era obrigado a usar camisetas com as cores e frases similares às da campanha de Bolsonaro e que a gerente transmitia lives em que Hang ameaçava demitir quem não apoiasse seu candidato.
Na ocasião, a Havan refutou as acusações e reforçou que Luciano Hang “jamais obrigou qualquer funcionário a se posicionar a seu favor”.