
A 2ª Vara do Júri de Fortaleza (CE) autorizou, em decisão de março deste ano, a libertação de três réus acusados de envolvimento em um crime brutal ocorrido no bairro Pirambu, na capital cearense. Yuri Marques Nogueira, Francisca Glaucimara Cardozo da Silva e Jadeline Silva foram presos preventivamente pela morte e decapitação de Aurileide Gonçalves da Silva, conhecida como “Neide”. O corpo da vítima foi abandonado em uma praia da cidade.
Mesmo com a relação dos réus à facção criminosa Comando Vermelho e a brutalidade do crime, a Justiça entendeu que “não há elementos que demonstrem que eventual liberdade dos acusados causaria risco à ordem pública”. Com isso, o trio foi beneficiado com a revogação da prisão preventiva, mediante o cumprimento de medidas cautelares alternativas.
Os réus foram liberados com o compromisso de cumprir as seguintes restrições:
- Permanecer em casa das 20h às 6h todos os dias;
- Proibição de frequentar locais públicos;
- Uso obrigatório de tornozeleira eletrônica;
- Proibição de sair de Fortaleza por mais de oito dias;
- Comparecimento obrigatório às audiências determinadas pela Justiça.
O Tribunal de Justiça do Ceará informou que o processo ainda está na fase de instrução, com coleta de depoimentos e demais etapas que antecedem o possível julgamento pelo Tribunal do Júri. Em nota, o órgão afirmou que “um eventual descumprimento das medidas implicará na decretação da prisão preventiva”.
Crime teria motivação ligada a disputa entre facções
Segundo informações apuradas pelo portal g1, o crime foi motivado por uma disputa entre facções criminosas. A vítima teria sido morta por supostamente armazenar em seu celular imagens de familiares fazendo gestos associados à facção rival Guardiões do Estado (GDE).
Os três acusados, ligados ao Comando Vermelho, interpretaram isso como uma possível traição. No dia do assassinato, Aurileide foi levada até um local isolado por uma amiga, onde foi submetida a uma emboscada, amordaçada, executada e posteriormente decapitada. O corpo foi abandonado na Vila do Mar, área conhecida por conflitos entre facções.
Liberação gera questionamentos sobre decisões judiciais
A liberação de criminosos ligados a facções envolvidas em um assassinato com extrema violência e motivação territorial levanta questionamentos sobre os critérios adotados pelo Judiciário para aplicação de medidas alternativas à prisão.
A decisão da 2ª Vara reacende o debate sobre segurança pública, impunidade e o avanço de facções criminosas em áreas urbanas, especialmente em capitais dominadas por conflitos entre grupos rivais.