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Asilada no Brasil, ex-primeira-dama do Peru é defendida por advogado ligado ao PT

Marco Aurélio de Carvalho, aliado de Lula e crítico da Lava Jato, atua voluntariamente na defesa de Nadine Heredia

A ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, condenada a 15 anos de prisão por corrupção, está sendo representada no Brasil por um nome diretamente ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT): o advogado Marco Aurélio de Carvalho. Petista, ele é coordenador do grupo Prerrogativas — conhecido por críticas à Operação Lava Jato e por seu apoio público ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A ligação com o PT se estende além da concessão do asilo político autorizado por Lula. Segundo revelou o site Poder360, Marco Aurélio confirmou que atua na defesa de Nadine desde antes da eleição presidencial de 2022. “Entrei nisso de forma voluntária, espontânea e gratuita”, declarou. “A pedido dos advogados que compõem a defesa da Nadine, por conta do meu trabalho no Prerrogativas.”

Petista defende uso de avião da FAB para transportar Nadine ao Brasil

O mesmo advogado também defendeu a decisão do governo brasileiro de utilizar uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para trazer Nadine de Lima a Brasília. A ex-primeira-dama viajou acompanhada de seu filho adolescente após obter salvo-conduto do governo do Peru. “A gente reconhece, aplaude e louva a decisão do governo brasileiro que respeitou um tratado internacional assinado pelo Brasil e pelo Peru em 1954”, afirmou Carvalho. “Todas as regras diplomáticas foram rigorosamente observadas.”

A previsão é que Nadine e seu filho se estabeleçam em São Paulo. De acordo com a defesa, os custos do deslocamento de Brasília até a capital paulista foram cobertos por ela própria, sem recursos do governo federal.

Condenação envolve Odebrecht e financiamento ilícito

Nadine Heredia e o ex-presidente Ollanta Humala, seu marido, foram condenados pela Justiça peruana na terça-feira (15) por envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro. A sentença aponta recebimento de recursos ilegais da construtora brasileira Odebrecht (atualmente Novonor) e do regime chavista da Venezuela, supostamente para financiar campanhas presidenciais. O caso é um desdobramento internacional da Operação Lava Jato.

O casal nega as acusações e afirma ser alvo de perseguição política. Ambos poderão recorrer da decisão.

Críticas no Brasil e no Peru

A concessão do asilo à ex-primeira-dama peruana provocou reação negativa tanto na imprensa quanto na classe política do Peru. Manchetes como “Entre corruptos, se protegem” estamparam jornais locais. Figuras públicas peruanas, como o ex-chanceler Francisco Tudela, criticaram a decisão brasileira, classificando-a como “irregular”.

No Brasil, parlamentares da oposição reagiram com indignação. A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) declarou que “Lula joga o nome do Brasil na lama”. Já o ex-procurador da Lava Jato e ex-deputado federal Deltan Dallagnol afirmou: “Antes exportador de corrupção, agora o Brasil é importador de corruptos.”

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil formalizou a concessão do asilo diplomático no dia anterior à chegada de Nadine Heredia. O chanceler Mauro Vieira, por sua vez, defendeu o uso do avião da FAB e afirmou que a decisão atendeu “a todas as regras da Convenção de Caracas de 1954”.

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