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Presidente de El Salvador desafia Maduro com proposta inédita

Presidente de El Salvador oferece repatriar venezuelanos detidos em troca de presos políticos; proposta desafia regime de Caracas

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, surpreendeu a comunidade internacional neste domingo (21) ao propor uma troca direta de prisioneiros ao ditador venezuelano Nicolás Maduro. A proposta: repatriar 252 venezuelanos presos em El Salvador — muitos deles por envolvimento com gangues como o Tren de Aragua — em troca da libertação de 252 presos políticos atualmente detidos sob o regime chavista.

A proposta, anunciada por Bukele em sua conta oficial no X (antigo Twitter), marcou uma escalada verbal e diplomática entre os dois países. Segundo o líder salvadorenho, os detidos em El Salvador não têm perfil político, mas respondem por crimes graves como assassinato e estupro, ao contrário dos prisioneiros venezuelanos, encarcerados por razões ideológicas.

“Ao contrário de você, que tem presos políticos, nós não temos presos políticos”, escreveu Bukele em mensagem direta a Maduro.

Bukele: “Deus abençoe o povo da Venezuela”

Em sua publicação, Bukele destacou que os migrantes venezuelanos foram presos no contexto de operações contra o crime organizado internacional e ressaltou que muitos já haviam sido deportados dos Estados Unidos. O presidente classificou os prisioneiros políticos venezuelanos como vítimas de perseguição por discordarem de Maduro e mencionou nomes específicos na proposta:

  • Roland Carreño, jornalista preso por exercer seu ofício;
  • Rocío San Miguel, advogada e ativista com fratura não tratada no ombro;
  • Corina Parisca de Machado, mãe da opositora María Corina Machado, vítima de perseguição constante;
  • Rafael Tudares, genro do presidente eleito Edmundo González, desaparecido há mais de 100 dias.

A proposta de Bukele inclui ainda quase 50 estrangeiros detidos pela ditadura venezuelana, de países como EUA, Alemanha, Argentina, Israel, França, Colômbia e outros.

Ao final, o presidente de El Salvador prometeu formalizar a oferta por meio da diplomacia e concluiu:

“Deus abençoe o povo da Venezuela.”

Maduro rejeita acusações e diz que El Salvador opera “campos de concentração”

Em resposta anterior, Nicolás Maduro havia criticado duramente a detenção de venezuelanos em El Salvador, classificando as prisões como “sequestros em campos de concentração” e acusando Bukele de violar direitos humanos. O chavista afirmou que os detentos estariam há semanas sem direito a visita de advogados ou religiosos e contestou as acusações de ligação com o Tren de Aragua:

“Onde estão as provas? Onde está o julgamento?”, questionou Maduro.

A fala ocorreu durante um evento transmitido pela estatal Venezolana de Televisión (VTV).

Denúncias internacionais aumentam pressão sobre Caracas

A proposta de Bukele se soma ao crescente clamor internacional contra as violações de direitos humanos cometidas pelo regime de Maduro. Organizações como a Justiça, Encontro e Perdão denunciaram as condições precárias de detenção da ativista Rocío San Miguel, que há meses sofre com uma fratura sem tratamento.

O caso de Rafael Tudares, genro do presidente eleito Edmundo González Urrutia, tem sido citado por familiares como desaparecimento forçado, após mais de 100 dias sem contato. A filha de González, Mariana, exigiu recentemente uma prova de vida e afirmou:

“Não podemos permitir que o silêncio e a ausência nos consuma.”

Outros casos citados incluem o do gendarme argentino Nahuel Gallo, detido desde dezembro após cruzar a fronteira da Colômbia com a Venezuela, e quatro opositores refugiados na embaixada argentina em Caracas, sob risco de prisão arbitrária.

Troca de prisioneiros: desafio político e humanitário

A proposta ousada de Bukele representa mais do que uma manobra diplomática. Ela expõe a fragilidade do regime de Maduro diante de denúncias internacionais e amplia a visibilidade sobre o sofrimento de centenas de presos políticos na Venezuela.

Ao atrelar o retorno dos migrantes venezuelanos a uma exigência de libertação de opositores e estrangeiros injustamente presos, o presidente de El Salvador coloca pressão moral e política sobre o chavismo, que até agora resiste em admitir perseguições.

 

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