
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) surpreendeu ao incluir a tesoureira nacional do PT, Gleide Andrade, na comitiva oficial brasileira que viajou ao Vaticano para o funeral do papa Francisco. A participação da dirigente partidária, que não ocupa cargo público, em um evento de alta diplomacia internacional, chamou atenção pelo simbolismo político e pelo momento delicado de disputas internas na legenda.
A comitiva embarcou na noite de quinta-feira (24), integrando nomes como:
- Luís Roberto Barroso, presidente do STF;
- Davi Alcolumbre, presidente do Senado;
- Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados;
- Janja Lula da Silva, primeira-dama;
- Dilma Rousseff, ex-presidente da República.
Tesoureira petista exalta viagem e reforça ligação com Lula
Em vídeo divulgado nas redes sociais ao lado do deputado Odair Cunha (PT-MG), Gleide Andrade celebrou a participação na homenagem:
“O papa da paz, o papa dos pobres. E a gente poder ir com o presidente Lula nessa comitiva para fazer essas homenagens finais é muito importante”, declarou Gleide.
Apesar do tom solene, a presença da dirigente petista na viagem reforça o peso que o núcleo partidário ainda exerce junto ao governo, mesmo diante das tentativas de Lula de promover uma reorganização interna no PT.
Bastidores: disputa entre Gleide e o núcleo de Lula
Nos bastidores, Gleide Andrade vem enfrentando resistência do próprio Lula para permanecer na tesouraria do PT. A dirigente teria confrontado o presidente em reunião com a ministra Gleisi Hoffmann, manifestando-se contra o apoio de Lula ao nome de Edinho Silva para assumir a presidência nacional do partido.
Segundo fontes internas, o presidente articula para que Emídio de Souza (PT-SP) substitua Gleide no cargo de tesoureira, após as eleições internas do partido.
A inclusão de Gleide na viagem ao Vaticano, portanto, não é apenas diplomática, mas também um movimento político estratégico — indicando que as articulações internas continuam intensas, mesmo longe de Brasília.
Funeral serviu como palco político
Embora a viagem tivesse como objetivo principal a homenagem ao pontífice falecido, o evento acabou se transformando em palco para demonstrações políticas, tanto externas quanto internas. A movimentação revela que o comando do PT segue em ebulição, e que Lula, apesar dos gestos diplomáticos, não perde o controle sobre os rumos partidários.