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Indígenas isolados, idosos e doentes foram vítimas de fraudes no INSS, revela auditoria

Aposentados relataram desconhecimento dos descontos em seus contracheques

Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que indígenas de comunidades isoladas, idosos com doenças graves, analfabetos e até pessoas que vivem no exterior foram vítimas de fraudes em descontos associativos nos contracheques do INSS.

O relatório, que integra as apurações da Operação Sem Desconto, aponta um “cenário de incongruências”, segundo a Polícia Federal, que também investiga o caso. Os beneficiários, em sua maioria, não autorizaram os descontos e sequer sabiam que estavam filiados a entidades civis ou sindicais.

97,6% dos entrevistados negaram ter autorizado os descontos

A auditoria foi realizada com base em entrevistas com 1.273 aposentados e pensionistas do INSS, em todos os 26 estados e o Distrito Federal. Os dados são alarmantes: 97,6% afirmaram não ter autorizado os descontos mensais aplicados diretamente em seus benefícios.

Muitos dos beneficiários são analfabetos, pessoas com deficiência, gravemente doentes ou indígenas sem acesso à internet ou serviços presenciais, o que levanta suspeitas sobre fraude documental ou indução ao erro.

Em alguns casos, os aposentados só descobriram que estavam sofrendo os descontos no momento da entrevista com a CGU.

PF apura venda de dados e forjamento de autorizações

Polícia Federal investiga se servidores do INSS teriam vendido dados de beneficiários em troca de propina, permitindo que associações realizassem descontos indevidos sem autorização. Também apura-se a possibilidade de assinaturas forjadas e documentos manipulados para validar falsas adesões.

O esquema teria gerado um prejuízo de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, com milhares de aposentados lesados.

“A auditoria revelou um cenário de incongruências”, afirmou a PF, que coordena a Operação Sem Desconto ao lado da CGU.

Stefanutto deixa o comando do INSS após escândalo

Pressionado pelas revelações, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo por ordem judicial e, logo em seguida, pediu demissão.

O escândalo expõe falhas no controle das autorizações de desconto e evidencia a vulnerabilidade de grupos frágeis da população diante de fraudes institucionais.

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