
Em um cenário político onde a governabilidade deveria ser construída com base em princípios sólidos e propostas coerentes, o governo Lula (PT) se apresenta como um espetáculo constrangedor de fracassos estratégicos e alianças meramente mercantilistas. A sucessão de derrotas no Congresso Nacional nas últimas semanas, somada à instalação da CPI do INSS e à debandada de partidos que supostamente compõem a base aliada, escancara o que já era evidente: Lula perdeu a capacidade de liderar, e o governo se tornou uma colcha de retalhos ideológicos costurada apenas por cargos e favores.
A implosão do frágil arranjo político do petismo não é fruto do acaso. É a consequência direta de uma política que despreza a coerência e se ancora no fisiologismo mais rasteiro. O caso do PDT, que rompeu com o Planalto após o escândalo bilionário envolvendo a Previdência Social, é emblemático. Não se trata apenas da queda de Carlos Lupi, mas da constatação de que nem mesmo os partidos com ministérios sustentam a farsa de uma aliança baseada em convicções. Quando o eleitorado pressiona, a máscara cai e os “aliados” desertam sem pudor.
O governo, refém de suas próprias contradições, assiste inerte ao avanço de uma oposição cada vez mais organizada. A aprovação expressiva da suspensão da ação penal contra Alexandre Ramagem (PL), a articulação para a anistia dos manifestantes de 8 de janeiro e, sobretudo, a instalação da CPI que irá expor as entranhas corruptas do INSS, não apenas isolam o PT, mas demonstram que o poder de articulação de Lula é hoje um fantasma do passado.
Enquanto isso, a população enfrenta o verdadeiro legado petista: inflação que corrói salários, uma máquina pública inchada e ineficiente, e uma pauta progressista que afronta os valores tradicionais da sociedade brasileira. Diante desse cenário, Lula sequer teve coragem de encarar as bases sindicais no 1º de Maio, reconhecendo, ainda que implicitamente, que seu discurso envelheceu e já não mobiliza nem os antigos fiéis.
Mais grave, porém, é o cinismo de uma administração que entrega 11 ministérios a partidos de centro e direita na tentativa de comprar apoio, mas colhe apenas traições e humilhações públicas. O caso do PSD, comandado por Gilberto Kassab, ilustra essa falência: mesmo ocupando espaços privilegiados na Esplanada, o partido já ensaia um alinhamento com Tarcísio de Freitas, nome cada vez mais forte no cenário conservador para 2026.
Esse esfacelamento da base é mais do que um problema de articulação; é o fracasso moral e político de um projeto de poder que sempre colocou a máquina pública a serviço de interesses privados e ideológicos. Não há país que prospere com um governo que, ao invés de liderar, mendiga apoio no balcão de negócios de Brasília.
O Brasil assiste ao ocaso melancólico de um governo que nasceu velho, atolado em práticas retrógradas e incapaz de compreender as novas demandas da sociedade. O conservadorismo e o liberalismo econômico se apresentam, mais uma vez, como as únicas alternativas viáveis para resgatar o país do marasmo e da falência ética em que foi lançado. Que a sociedade esteja atenta e exija de seus representantes uma ruptura definitiva com esse modelo falido. O Brasil precisa de lideranças que governem para o futuro — e não para os interesses obscuros de um passado que insiste em não passar.