
Grupos ligados ao terrorismo avançam sobre entidades culturais, universidades e estruturas políticas no país
O Irã tem fortalecido sua atuação diplomática e cultural no Brasil, enquanto grupos ligados ao terrorismo, como o Hezbollah, aumentam sua presença sob silêncio oficial do Itamaraty. Informações reveladas pelo portal argentino Infobae indicam que Ali Abbasi, diretor da Universidade Iraniana Al-Mustafa, sancionada pelos EUA e Canadá, está atualmente no país.
A Al-Mustafa é acusada de treinar milícias xiitas da Força Quds, braço da Guarda Revolucionária Islâmica, e de servir como base de recrutamento para atividades terroristas. Ela mantém ligações com o Instituto Cultural Islam Oriente, dirigido por Mohsen Rabbani, apontado pelos EUA como mentor dos atentados de 1992 e 1994 na Argentina, que deixaram 114 mortos.
No Brasil, a universidade atua por meio do Instituto Salam, com financiamento iraniano. A visita de Abbasi coincidiu com um encontro entre Celso Amorim e uma comitiva iraniana liderada por Ali Akbar Ahmadian, chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã.
Silêncio sobre avião iraniano e homenagens ao regime de Teerã
O encontro ocorreu em Moscou, no 13º Encontro Internacional de Altos Representantes para Assuntos de Segurança, com 129 delegações de 105 países. O governo brasileiro não forneceu detalhes sobre a reunião.
Em 19 de maio, o chanceler Mauro Vieira visitou a Embaixada do Irã em Brasília para homenagear o falecido presidente Ebrahim Raisi, conhecido como o “Açougueiro de Teerã”, por sua atuação na repressão a protestos populares.
Além disso, uma aeronave oficial iraniana, o Airbus A340, pousou em Brasília recentemente sem explicação oficial. O mistério se intensifica, pois nem o representante iraniano no Brics utilizou aviões oficiais, segundo o site Aeroin.
Hezbollah recruta no Brasil e opera na Tríplice Fronteira
O Hezbollah voltou ao centro das atenções após a Embaixada dos EUA no Brasil oferecer até US$ 10 milhões por informações sobre os canais financeiros do grupo. Os EUA acusam o Hezbollah de financiar suas ações por meio de tráfico de drogas, contrabando e lavagem de dinheiro.
Em novembro de 2023, a Polícia Federal deflagrou a Operação Trapiche, desmantelando uma célula do Hezbollah no país. Dois membros do grupo, Mohamad Khir Abdulmajid e Haissam Houssim Diab, são acusados de planejar atentados contra alvos israelenses no Brasil. Eles estão foragidos e na lista da Interpol.
Segundo a PF, a célula se financiava por tabacarias em Belo Horizonte e recebia apoio do Centro Cultural Beneficente Islâmico de Brasília, sustentado com recursos iranianos desde 2019.
Expansão em universidades e eventos pró-Hezbollah
Relatório da inteligência saudita divulgado pela rede Al-Hadath apontou a migração de 400 comandantes do Hezbollah para a América Latina, incluindo o Brasil, como tentativa de reorganização do grupo.
Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, uma atividade recente contou com a venda de bandeiras do Hezbollah e cartazes com frases como “Morte a todos os sionistas”. O evento foi organizado pelo Instituto Brasil-Palestina e o jornal A Nova Democracia, que pediram ao Brasil o rompimento de relações com Israel, chamando o país de “entidade nazi-sionista”.
Nomes como Chico Buarque e Milton Hatoum assinaram uma carta exigindo o rompimento dos laços com Israel, em ação promovida pela campanha Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), considerada extremista pela Alemanha e acusada de ligações com o Hamas.
Conexões com o PCC e ameaça à segurança nacional
Mesmo sem reconhecer legalmente o Hezbollah ou o Hamas como grupos terroristas, a Lei 13.260/2016 permite a responsabilização penal de quem organiza ou financia atos com motivação terrorista.
Enquanto isso, vínculos operacionais entre o Hezbollah e o PCC continuam se fortalecendo. As conexões envolvem tráfico de drogas, uso de criptomoedas e lavagem de dinheiro, configurando uma ameaça silenciosa e crescente à segurança nacional.