
Ainda que enfrentando limitações orçamentárias e metas de ajuste fiscal, o governo Lula desembolsou R$ 63 milhões em viagens internacionais para autoridades. Certos bilhetes chegaram a custar mais de R$ 200 mil e, em diversas situações, as passagens foram emitidas em classe executiva. Ministros, secretários e a primeira-dama do Brasil, Janja da Silva, estão inclusos na relação de beneficiados com fundos públicos para compromissos no exterior.
A pesquisa é do jornal Gazeta do Povo e considera apenas as informações já consolidadas de viagens, o que engloba o custo de passagens e diárias.
Segundo a publicação, a despesa de viagem mais elevada foi a do Secretário de Petróleo e Gás Natural, Pietro Mendes, cujo custo chegou a R$ 246 mil para visitar Abu Dabi e Riad. Desse valor, R$ 229 mil foram somente em passagens aéreas. A segunda viagem mais cara foi a do embaixador Bernard Klingl, que gastou R$ 206 mil para comparecer a uma sabatina no Senado, dos quais R$ 202 mil foram destinados exclusivamente para passagens.
Ranking dos destinos internacionais mais visitados por integrantes do governo Lula
- Paris (França) – R$ 3,9 milhões;
- Genebra (Suíça) – R$ 3,16 milhões;
- Washington (Estados Unidos) – R$ 3 milhões;
- Nova York (Estados Unidos) – R$ 2,6 milhões;
- Madri (Espanha) – R$ 2,4 milhões;
- Roma (Itália) – R$ 2 milhões;
- Pequim (China) – R$ 1,6 milhão;
- Xangai (China) – R$ 1,5 milhão;
- Buenos Aires (Argentina) – R$ 1,4 milhão;
- Berlim (Alemanha) – R$ 1,3 milhão;
- Abu Dabi (Emirados Árabes Unidos) – R$ 1,2 milhão;
- Londres (Reino Unido) – R$ 1,7 milhão; e
- Lisboa (Portugal) – R$ 1,7 milhão.
O uso de classe executiva em voos internacionais acima de sete horas para ministros, ocupantes de cargos de confiança e representantes diretos dessas autoridades foi justificado pelo Ministério das Relações Exteriores com base no “Decreto nº 71.733/1973”, que autoriza tal prática, apesar dos altos valores envolvidos.
“Os valores pagos pelas passagens emitidas explicam-se pela quantidade de trechos adquiridos, pela longa duração dos deslocamentos, com necessidade de múltiplas conexões, pela baixa oferta de voos nas localidades de origem e/ou destino e pela proximidade da data da viagem”, afirma o Itamaraty, em nota. “Pois, em muitos casos, a missão, que depende das agendas de outras autoridades, é confirmada faltando apenas poucos dias para o embarque.”
Governo Lula: viagens internacionais mais caras
Carlos Menezes Sobral, secretário de Investimentos em Turismo, viajou para Miami, EUA, e Livingstone, Zâmbia. Sua agenda estava ligada à inauguração do “maior terminal de cruzeiros do mundo”, totalizando um custo de R$ 142 mil.
Alexandre Oliveira, o Ministro de Minas e Energia, realizou duas viagens: a primeira em janeiro para Abu Dabi e Riad, e a segunda em abril para Shenzhen e Xangai, na China. Ele esteve presente em fóruns discutindo “transição energética” e mineração, fez visitas a uma usina nuclear e a empresas como Huawei e BYD. O custo total dessas viagens foi de R$ 248 mil, sendo que somente as passagens custaram R$ 112 mil.
Tatiana Rosito, a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, liderou reuniões do Brics na África do Sul, com uma despesa de viagem de R$ 124 mil, sendo R$ 115 mil gastos em passagens. Renata Rossi, uma diplomata, viajou para Roma e Moscou para o funeral do papa Francisco e para as celebrações que marcaram os 80 anos da vitória aliada na 2ª Guerra Mundial, custando R$ 120 mil.
A titular da Secretaria de Saúde Digital, Ana Estela Haddad, que é esposa do ministro da Fazenda, embarcou em uma missão institucional para Hong Kong e Xangai, acompanhada da Universidade de São Paulo. O custo da viagem foi de R$ 107 mil. Segundo o Ministério da Saúde, o objetivo da viagem era discutir a cooperação internacional para o desenvolvimento de soluções de saúde digital, incluindo o projeto do “primeiro Hospital Inteligente do Brasil”.
O titular da pasta de Turismo, Celso Sabino, viajou para Madri em janeiro para participar da Feira Internacional de Turismo (Fitur). O Brasil recebeu uma homenagem no evento, com um estande de 308 m² e a participação de 37 coexpositores. Além disso, Sabino assumiu o comando do Conselho Executivo da ONU Turismo. O valor total da viagem foi de R$ 92,6 mil, sendo R$ 79,7 mil destinados à aquisição de passagens.
Viagens de Janja
Embora Janja, a primeira-dama, não tenha nenhuma posição oficial no governo, ela viajou para Paris em março para a “Cúpula de Nutrição para o Crescimento”, custando R$ 60 mil em passagens. Além disso, em fevereiro, ela acompanhou a comitiva do ministro do Desenvolvimento Social em uma viagem a Roma, que custou R$ 34 mil em passagens.
As viagens da primeira-dama são criticadas pela oposição do governo, que indaga sobre o emprego de fundos públicos para o seu financiamento.
Na segunda-feira 19, a 9ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Distrito Federal deu um período de 20 dias para o Palácio do Planalto apresentar um posicionamento sobre os custos ligados às viagens internacionais de Janja.
Guilherme Kilter, vereador de Curitiba pelo Novo-PR, e o advogado Jeffrey Chiquini são os autores do processo. Eles solicitam a interrupção imediata de pagamentos, diárias, passagens e todas as outras despesas associadas às viagens internacionais da primeira-dama.
As informações são da Revista Oeste