
Segundo pesquisa do instituto PoderData, a gestão do presidente Lula (PT) registrou pela primeira vez maior desaprovação do que aprovação entre católicos: 48% agora reprovam o governo, contra 45% que ainda o aprovam. Entre os evangélicos, a rejeição permanece alta, com 70% desaprovando o governo.
A mudança ocorre após um início de mandato em que os católicos eram maioria entre os que aprovavam o governo. O novo dado revela um desgaste significativo no eleitorado religioso, historicamente dividido, mas com maior inclinação ao conservadorismo nos últimos anos.
Pautas progressistas ampliam o distanciamento com religiosos
Lideranças católicas e evangélicas atribuem a crescente rejeição a pautas defendidas por partidos da base governista, como descriminalização das drogas e legalização do aborto. O deputado Joaquim Passarinho (PL-PA), integrante da Frente Parlamentar Católica, afirma que mesmo que Lula evite confrontos diretos com a Igreja, o PT e o PSOL promovem bandeiras contrárias aos valores religiosos.
O pastor Silas Malafaia, apoiador de Jair Bolsonaro, também criticou o presidente por, segundo ele, romper promessas de campanha feitas ao eleitorado evangélico, especialmente no tema do aborto. “Mexeu no maior vespeiro da vida dele”, declarou o pastor.
PT busca aproximação com religiosos, mas enfrenta resistência
Desde 2023, o PT tem investido em iniciativas para reconquistar o eleitorado religioso, como cursos de formação política com foco em linguagem e temas sensíveis à fé cristã. No entanto, os esforços não têm surtido efeito prático, segundo analistas como Felipe Nunes, diretor do instituto Quaest. Ele avalia que valores religiosos pesam mais que indicadores econômicos na decisão de voto de grande parte desse público.
Para a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), não há espaço para concessões. “Temos valores que não abrimos mão. A defesa da vida desde a concepção é inegociável”, afirmou.