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Otoni entrega carta a Moraes pedindo perdão por chamá-lo de “lixo” e “canalha”

Deputado entrega carta manuscrita e busca acordo de não persecução penal com o STF

O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) entregou uma carta escrita à mão ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com um pedido de perdão pelas ofensas proferidas contra o magistrado em duas transmissões ao vivo realizadas em 2020. Na ocasião, o parlamentar chamava Moraes de “lixo”, “canalha”, “vergonha”, “esgoto” e “déspota”.

Na carta, obtida pelo jornal O Globo, e divulgada nesta quinta-feira (19), Otoni afirma que foi “tomado de forte emoção” durante as lives e admite que cometeu excessos.

Decisões de Moraes motivaram os ataques

Em 2020, Otoni se tornou alvo de uma decisão de Moraes que determinava a quebra do sigilo bancário de 11 parlamentares investigados por supostos atos antidemocráticos. Também criticou uma decisão que proibia o jornalista Oswaldo Eustáquio de usar redes sociais.

Na época, Otoni deixou o cargo de vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara e afirmou que suas declarações representavam sua opinião pessoal, não do Palácio do Planalto.

Em julho de 2020, a Procuradoria-Geral da República denunciou o deputado por difamação, injúria e coação, e o STF aceitou a denúncia em 2023, tornando-o réu. Moraes se declarou impedido de participar do julgamento, que ainda não tem data marcada, mas pode resultar na perda do mandato parlamentar.

Trechos da carta: “Fui vencido pelo destempero”

Na carta, Otoni afirma que soube da decisão judicial pela imprensa e se sentiu exposto:

“Naquele momento, vi minha honra como político, pastor e chefe de família sendo exposta à opinião pública, tão acostumada a associar tais decisões judiciais à corrupção ou algo parecido.”

Justifica que recorreu à live para se defender, mas admite arrependimento:

“Tomei a decisão de abrir uma live pela minha rede social com o intuito de me defender e, justamente, nesse momento, tomado de forte emoção, acabei me excedendo e acabei me dirigindo a Vossa Excelência com um nível de desrespeito que me envergonho hoje.”

O deputado reconhece que as palavras foram incompatíveis com sua condição de pastor da Assembleia de Deus:

“Fui vencido pelo destempero e seduzido por aquele momento de ataque às instituições, uma página triste na política brasileira. Por essa razão quero demonstrar à Vossa Excelência meu profundo arrependimento, pedindo escusas à Vossa Excelência.”

O texto termina com um apelo pessoal:

“Tenho consciência que o julgamento que serei submetido no plenário da Suprema Corte, por ofensas a Vossa Excelência, pode estabelecer a perda do meu mandato parlamentar e o fim da minha carreira política, mas suplico o favor de Vossa Excelência, que me ajude a não viver essa vergonha diante dos meus filhos e Igreja.”

Deputado diz que houve promessa de acordo de não persecução penal

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