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OAB reage a Moraes e afirma: ‘tentativa de calar a defesa não será admitida’

Ordem nomeia advogado para defender criminalista alvo de inquérito aberto por Alexandre de Moraes

Ordem nomeia advogado para defender criminalista alvo de inquérito aberto por Alexandre de Moraes

A Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB de São Paulo designou o advogado Renato Marques Martins para a defesa do criminalista Luiz Eduardo de Almeida Kuntz, que se tornou alvo de inquérito da Polícia Federal por suposta obstrução às investigações sobre o plano de golpe de Estado. A apuração foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O posicionamento da defesa

“A instauração de uma investigação contra um advogado que nada mais fez do que bem e devidamente exercer a defesa do seu cliente, verificando se as acusações contra aquele eram verdadeira ou falsas, representa uma tentativa de calar a defesa que não deve ser, e não será, admitida em uma sociedade democrática”,

declarou Renato Martins, mestre em Direito Penal pela USP.

Prisão de coronel e atuação de Kuntz

Na última quarta-feira (18), Moraes determinou a prisão do coronel Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de integrar o núcleo militar do suposto plano golpista.

Câmara é cliente de Kuntz, que levou ao STF mensagens que alega terem sido trocadas com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator no processo. Os supostos diálogos ocorreriam por meio de um perfil no Instagram atribuído a Gabriela Cid, esposa de Mauro.

untz, ao apresentar o material, solicitou a anulação da delação premiada de Mauro Cid, questionando a espontaneidade de seu depoimento.

Acusação de obstrução e rebatida da OAB

Para o ministro Moraes, houve tentativa de acesso a informações sigilosas por meio do advogado, o que pode configurar crime de obstrução de investigação. Câmara foi preso e encaminhado ao Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília.

O ministro também alegou que o coronel desrespeitou medidas cautelares, como a proibição de usar redes sociais e de se comunicar com outros investigados, mesmo por terceiros.

Na decisão, Moraes afirmou que Kuntz “transbordou ilicitamente das obrigações legais de advogado”. Um novo inquérito foi instaurado para apurar a conduta tanto de Kuntz quanto de Câmara.

Nota da defesa

Em nota, o advogado Renato Martins classificou a medida do ministro como “abusiva”, defendendo que:

“(Eduardo Kuntz) exerceu seu dever de verificar se a delação (de Mauro Cid) foi ou não espontânea, ou se houve algum tipo de coação ou pressão para que ele acusasse terceiros falsamente, o que, pelo que consta das mensagens enviadas pelo sr. Mauro Cid, infelizmente ocorreu.”

Reação institucional da OAB

Diante da ofensiva de Moraes, a OAB-SP agiu prontamente ao acionar sua Comissão de Direitos e Prerrogativas, reforçando a defesa institucional das prerrogativas da advocacia, consideradas pilares do sistema de justiça.

 

 

 

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