Argentina derruba rede Russa de desinformação envolvendo ONGs e mídias locais
Operação expõe tentativa de influenciar opinião pública por meio de ONGs e mídias digitais

O governo da Argentina desmantelou uma rede secreta de espionagem russa que operava no país, com ligações diretas a campanhas de desinformação e propaganda pró-Kremlin. O grupo atuava principalmente em Buenos Aires e outras grandes cidades, buscando influenciar a opinião pública e apoiar interesses estratégicos russos na região.
No centro da operação estavam os cidadãos russos Lev Konstantinovich Andriashvili e Irina Iakovenko, que mantinham ligações com ONGs e grupos políticos internacionais. Segundo a Secretaria de Inteligência do Estado da Argentina (SIDE), ambos integravam e coordenavam uma plataforma secreta conhecida como “La Compañía”, que teria sido financiada e orientada por entidades ligadas ao Estado russo, como o Projeto Lakhta, notório por suas operações globais de desinformação.
Propaganda disfarçada de opinião local
As atividades do grupo não se limitavam à coleta de informações. Segundo a investigação, a rede criou canais de mídia digital e perfis anônimos em redes sociais para espalhar narrativas favoráveis à política externa da Rússia, questionar instituições ocidentais e retratar Moscou como potência estabilizadora global.
A estrutura operava por meio de ONGs locais, grupos culturais e mídias em espanhol, com envolvimento de cidadãos argentinos, incluindo influenciadores de baixa projeção e freelancers, responsáveis pela produção de conteúdo e ampliação digital da propaganda.
Reação institucional e criação de nova unidade
Em resposta, o governo argentino anunciou a criação do Departamento Federal de Investigação (DFI), vinculado à Polícia Federal, com foco em contrainteligência, desinformação e crimes transnacionais. A nova unidade terá como missão monitorar influência estrangeira e proteger a integridade eleitoral.
Uma operação sofisticada e discreta
A investigação descreve a rede como estruturada, bem financiada e ativa por vários anos. Seu diferencial está no foco em ecossistemas informativos, em vez de alvos estritamente governamentais ou militares. O objetivo principal seria moldar lentamente a opinião pública antes das eleições nacionais.
Casos semelhantes foram detectados recentemente em Polônia, Grã-Bretanha, França, Lituânia, Eslováquia, Alemanha e Austrália, destacando o alcance global das táticas híbridas russas.
A Argentina está considerando a deportação dos envolvidos, mas a investigação segue em curso, com cooperação internacional para rastrear o financiamento estrangeiro.