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‘Raiva e ódio’: Cid relata conversas entre Moraes e comandante do Exército

Mensagens revelam bastidores de relação entre STF e cúpula militar, segundo ex-ajudante de Bolsonaro

Mensagens trocadas entre o tenente-coronel Mauro Cid e o advogado Luiz Eduardo Kuntz, por meio de uma conta no Instagram (@gabrielar702), atribuída à esposa do militar, revelam supostas conversas entre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o comandante do Exército, general Tomás Paiva.

Segundo Cid, foi o próprio general Tomás quem relatou os diálogos a ele e ao pai, o general Mauro Lourena Cid. Apesar da relação cordial conhecida entre Moraes e o comandante, interlocutores do Exército negam que Tomás tenha repassado qualquer informação confidencial aos Cid.

Trechos da conversa incluídos em investigação no STF

As conversas ocorreram entre janeiro e março de 2024, à época em que Cid já havia firmado acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Em 16 de junho, Kuntz anexou a íntegra das mensagens ao inquérito sobre a tentativa de golpe relatado por Moraes no STF.

Em uma das mensagens, Cid afirma:

“Ele [Moraes] não vai soltar tão cedo. Ele tem raiva e ódio… Ele acha que o Pr [presidente Jair Bolsonaro] acabou com a vida dele…”.

Cid disse que a informação foi transmitida por seu pai, com base em conversa com o comandante Tomás:

“CMT EB que conversou com ele e passou para o meu pai”.

O militar ainda comentou que Moraes “vai querer acabar com a vida do Pr [Bolsonaro] e do entorno”.

Referências a encontros entre Tomás e Moraes

Cid afirmou que só conversa com o comandante quando ele se encontra com Moraes:

“Com ninguém… Eu só falo com o CMT EB [general Tomás] quando ele encontra com o AM [Alexandre de Moraes]…”.

Kuntz perguntou se os dois se encontram com frequência e mencionou uma suposta ordem do general sobre organização de quartos, ao que Cid respondeu:

“Foi verdade… Quando eu estava preso… Eles já estavam preparando para o Pr”.

Críticas a Tomás e ressentimento com promoção

Demonstrando ressentimento com o atual comandante, Cid disse que o general Arruda, antecessor de Tomás, “nunca deixaria eu ser preso”. Também contou que pediu ao pai para não discutir sua promoção a coronel com Tomás, pois não queria se “rebaixar”.

“Mas uma coisa é certa… O Gen Tomás, que já não tem apoio na força, vai perder tudo de vez”, concluiu.

Contexto do inquérito

As mensagens integram a investigação do STF que apura a tentativa de golpe após as eleições de 2022. O coronel Marcelo Câmara, cliente de Kuntz e ex-colega de Cid na ajudância de ordens, também é alvo do inquérito por, entre outras ações, monitorar Alexandre de Moraes.

 

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