Braga Netto chama Mauro Cid de mentiroso em acareação no STF
Braga Netto chama Cid de mentiroso em acareação fechada no STF sobre tentativa de golpe; Cid não reage.

General acusa ex-ajudante de Bolsonaro de mentir em delações sobre tentativa de golpe de Estado; Cid ficou em silêncio
Durante acareação realizada nesta terça-feira (24) no âmbito da ação penal que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, o general Braga Netto acusou diretamente o tenente-coronel Mauro Cid de ser “mentiroso”. Segundo o advogado do general, José Luis Oliveira Lima, Cid não reagiu à acusação:
“O general Braga Netto, em duas oportunidades, afirmou que o senhor Mauro Cid, que permaneceu por todo ato com a cabeça baixa, era mentiroso. E ele [Cid] não retrucou quando teve oportunidade”, relatou Lima.
A sessão foi conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação no Supremo Tribunal Federal (STF), e reuniu os dois militares por mais de uma hora e meia.
Pedido da defesa e clima tenso
A acareação foi solicitada pela defesa de Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo Bolsonaro, que busca confrontar versões conflitantes apresentadas por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente e delator no processo.
Ambos os militares são réus na ação penal. A legislação penal brasileira garante o direito à acareação quando há divergências entre relatos de acusados ou testemunhas, permitindo que o juiz analise diretamente as contradições.
Sessão fechada e críticas da defesa
A audiência foi fechada ao público por decisão de Moraes. Estiveram presentes apenas o ministro, os réus com seus advogados, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e advogados dos outros seis réus no processo.
A defesa de Braga Netto criticou a decisão, alegando que houve violação de prerrogativas:
“A prerrogativa da defesa foi violada. É uma pena que isso [a postura de Cid durante a acareação] não tenha sido gravado, para que toda a imprensa e todos que acompanharam a ação desde o início pudessem constatar”, disse Lima.
A ata da audiência ainda será anexada ao processo, mas a gravação não será divulgada, conforme determinação do STF.
Participação do colegiado que julgará o caso
O ministro Luiz Fux também acompanhou a audiência como integrante da Primeira Turma do STF, colegiado que decidirá pela condenação ou absolvição dos réus ao fim da instrução. Também fazem parte do grupo os ministros Flavio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
Pontos polêmicos da delação de Mauro Cid
Dois trechos dos depoimentos de Mauro Cid à Polícia Federal são duramente contestados pela defesa de Braga Netto:
- Cid disse que o general lhe entregou R$ 100 mil dentro de uma sacola de vinho;
- Afirmou que um plano intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, para monitorar e assassinar autoridades, teria sido discutido na casa de Braga Netto.
O general nega ambas as acusações e alega que o encontro foi apenas fortuito, sem qualquer discussão sobre ruptura institucional.
Braga Netto está preso desde dezembro de 2023, sob acusação de obstruir investigações e tentar acessar depoimentos da delação de Cid.