
Presidente brasileiro demonstrou apoio à ex-líder argentina e gerou críticas por custo da viagem com recursos públicos
Durante sua viagem oficial à Argentina para participar da cúpula do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou nesta quinta-feira (3) a ex-presidente Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar após ser condenada por corrupção.
Cristina foi sentenciada a cinco anos de prisão por favorecimento indevido a uma empreiteira durante seu mandato, em um caso que repercutiu amplamente na América Latina. Mesmo sem utilizar um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para buscá-la, Lula demonstrou solidariedade com um abraço e um cartaz com a frase “Cristina Libre”.
Paralelos entre os dois líderes e críticas à viagem
A visita causou repercussão por simbolizar um gesto político de apoio a uma condenada por corrupção, em um momento em que a missão oficial de Lula está sendo financiada pelos cofres públicos.
Lula, que também foi preso em decorrência de processos da Operação Lava Jato, teve suas condenações anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob a alegação de parcialidade do então juiz Sergio Moro. Cristina, por sua vez, também se declara vítima de perseguição judicial, adotando uma narrativa semelhante à do movimento “Lula Livre”.
Comitiva bancada com recursos públicos
Embora o governo não tenha divulgado a composição completa da comitiva que acompanhou o presidente ao país vizinho, sabe-se que os custos da viagem são arcados com dinheiro público, o que inclui gastos com segurança, logística e deslocamento oficial.
A inclusão de um encontro pessoal com Cristina Kirchner na agenda oficial gerou críticas, com questionamentos sobre a pertinência de exaltar uma figura condenada por corrupção em meio a um compromisso diplomático.
Caso semelhante envolveu ex-primeira-dama do Peru
Essa não é a primeira vez que o governo Lula se envolve em episódios com figuras condenadas na América Latina. Em abril deste ano, o Brasil concedeu asilo diplomático à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, também condenada por corrupção. Na ocasião, um jato da FAB foi enviado para resgatá-la, e os gastos da operação foram colocados em sigilo pelo governo federal.
No caso de Cristina, o deslocamento foi mais simbólico, mas igualmente polêmico.