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Exército enfrenta debandada de oficiais e cenário preocupa especialistas

Doze militares pediram demissão em três semanas; estudos apontam esgotamento profissional, baixa remuneração, entre outras causas

No período de 16 de junho a 7 de julho deste ano, ocorreu a perda de 12 oficiais do Exército Brasileiro, abrangendo militares de patentes intermediárias e superiores, conforme registros no Diário Oficial da União. Isso representa uma baixa a cada dois dias. Essa tendência, já em ascensão nos últimos anos, retornou ao foco dos debates entre militares ativos e aposentados.

Anteriormente focada nos estágios iniciais da carreira, a evasão agora afeta igualmente majores, capitães e primeiros-tenentes. Este padrão é replicado em outras forças, como a Marinha e, principalmente, a Força Aérea Brasileira. Apenas no primeiro semestre de 2025, a FAB registrou 50 baixas de pilotos. De acordo com especialistas, este cenário indica um esvaziamento progressivo das carreiras militares.

A saída de oficiais de alto escalão provocou uma repercussão intensa em fóruns privados de militares aposentados, conforme relato do site Sociedade Militar. Ainda que a questão dos salários seja comumente citada, a análise predominante é mais complexa. A maioria das críticas foca principalmente no gerenciamento institucional das Forças Armadas e na falta de avaliações honestas e técnicas relativas ao desenvolvimento da carreira.

Membros das forças armadas expressam descontentamento com a ausência de oportunidades de promoção, estabilidade funcional e o desafio de equilibrar a vida familiar e as demandas da carreira. A sensação de que o “mérito” nem sempre é fundamental nas ascensões também contribui para a desmotivação.

O interesse da comunidade acadêmica tem sido despertado pelo aumento das demissões voluntárias entre os militares. Marcella Guarnieri Mercês, autora de um estudo da Universidade de Brasília (UnB) intitulado “Predição de evasão de militares do Exército Brasileiro utilizando técnicas de machine learning”, utilizou modelos preditivos para prever eventos futuros ou comportamentos com base em dados históricos. Estes modelos são, em essência, ferramentas estatísticas e computacionais.

Uma outra pesquisa de importância notável é o estudo intitulado “Evasão voluntária de militares de carreira: revisão integrativa nas Forças Singulares do Brasil e do Mundo”, conduzido por acadêmicos da Universidade Federal de Lavras (Ufla) e do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IFSEMG). A pesquisa faz uma análise internacional e conclui que a baixa remuneração, a sobrecarga de trabalho e a falta de perspectiva profissional são os principais fatores que contribuem para a evasão.

Impactos para a estrutura das Forças Armadas

Pesquisas indicam que especialistas alertam sobre o comprometimento da continuidade institucional, o impacto no planejamento operacional e o aumento dos custos com recrutamento e formação devido à perda de oficiais experientes. Adicionalmente, a migração de militares qualificados para outras carreiras, sejam públicas ou privadas, aciona um alerta sobre a habilidade das Forças Armadas em manter talentos.

As informações são da Revista Oeste

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