
Petista mergulha o Brasil em crise diplomática com os EUA, parceiro militar imediato de Israel
O chefe do Ministério das Relações Exteriores, Mauro Vieira, declarou que o governo de Lula (PT) optou por se tornar parte na ação que acusa Israel de incitar genocídio durante a guerra na Faixa de Gaza. A África do Sul iniciou o processo que está sendo julgado na Corte Internacional de Justiça (CIJ).
O chanceler brasileiro informou em uma entrevista à Al Jazeera, uma rede de TV sediada em Doha, Catar. A gravação foi feita durante a Cúpula do Brics e transmitida pela emissora neste último domingo (13).
Foi perguntado a Mauro Vieira por que o Brasil ainda não tinha dado apoio formal ao processo na CIJ, considerando que o petista repetidamente acusou o que ele denomina de “genocídio”, “limpeza étnica” e “crimes cometidos pelas Forças de Defesa de Israel”, na guerra contra o Hamas, grupo terrorista.
“Nós vamos [apoiar]. Estamos trabalhando nisso. Vocês terão essa boa notícia muito em breve” afirmou Vieira.
Vieira disse ainda que foi feito “um grande esforço pela mediação, mas os últimos acontecimentos dessa guerra nos fizeram tomar a decisão de nos juntar à África do Sul na CIJ.”
Em 2023, o governo da África do Sul apresentou uma ação contra o estado de Israel na CIJ. Naquela época, o Brasil expressou apenas apoio verbal e diplomático através de comunicados e declarações oficiais.
Lula havia tomado a decisão de dar suporte político ao caso levado pela África do Sul contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça. Os sul-africanos acusam o governo e as forças militares israelenses de “genocídio” intencional.
A Autoridade Nacional Palestina solicitou o endosso de Lula, o que gerou críticas internas e uma resposta negativa tanto da comunidade judaica quanto de Tel Aviv.
Agora, do ponto de vista político, o governo vai além e se posiciona contra Israel em um processo judicial.
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CRISE DIPLOMÁTICA
Ainda é necessário formalizar a decisão, mas é provável que ela intensifique a crise diplomática entre as nações, incluindo os Estados Unidos, aliado direto de Israel em todas essas questões militares.
O governo do Palácio do Planalto tem expressado sua desaprovação ao governo de Benjamin Netanyahu, defendendo a minimização das relações políticas, comerciais e de cooperação na defesa com Israel. No entanto, está sob pressão de setores do PT e aliados de esquerda para cortar totalmente qualquer conexão com o país.
Até o presente momento, o governo afirma que tal situação não poderia acontecer a fim de manter os interesses nacionais e de brasileiros que possuem dupla nacionalidade em Israel. Além disso, considera-se o valor das relações comerciais e da cooperação tecnológica, bem como os vínculos históricos na criação do Estado israelense e da comunidade judaica no Brasil.
A partir de 2024, Tel-Aviv começou a considerar o presidente Lula como persona non grata, devido a comentários que equipararam a intervenção militar de Israel em Gaza ao holocausto judeu na Alemanha nazista. O governo de Netanyahu reagiu convocando o então embaixador Frederico Meyer para um pronunciamento público. Por perceber a ação como uma humilhação, Lula ordenou a retirada de seu representante de Tel-Aviv.
Da mesma forma, por uma decisão política, o governo de Lula negou a concessão do consentimento diplomático (agrément) para que Israel trocasse seu embaixador em Brasília – o atual, Daniel Zonshine, está prestes a se aposentar e foi chamado ao Itamaraty várias vezes para escutar as cobranças e queixas da chancelaria.
Também houve interferência política do Palácio do Planalto, que impediu a finalização da compra de blindados de origem israelense para as Forças Armadas.
A Corte Internacional de Justiça, um tribunal superior no sistema das Nações Unidas para resolução de conflitos entre nações, já proferiu uma ordem judicial em relação ao caso apresentado pela África do Sul. A Corte instruiu Israel a se abster de ações que poderiam ser categorizadas como genocídio, incluindo causar danos físicos ou psicológicos severos aos palestinos, além de prevenir e punir qualquer incitamento ao genocídio. Os magistrados também determinaram que serviços essenciais e emergenciais, juntamente com assistência humanitária, fossem disponibilizados para os palestinos em Gaza. Contudo, o governo israelense enfrenta acusações de ignorar a ordem judicial.
O Brasil deve se somar a outros países que já intervieram no processo: Colômbia, Líbia, México, Palestina, Espanha, Turquia, Chile, Maldivas, Bolívia, Irlanda, Cuba e Belize. A Nicarágua retirou seu pedido em abril.