
A eleição interna do PT na Bahia, realizada no início de julho, enfrenta denúncias de fraude, incluindo a votação de eleitores já falecidos. A disputa foi vencida por Tássio Brito, da tendência Esquerda Popular Socialista (EPS) e apoiado pelo senador Jaques Wagner. A chapa derrotada, Partido Forte, liderada por Jonas Paulo, da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), promete judicializar o caso.
Segundo os denunciantes, ao menos seis votos partiram de pessoas mortas, sendo cinco em Camaçari e um em Barro Preto. Entre os casos mais repercutidos está o do sindicalista Crispim Carvalho da Hora, falecido em 2016, mas cujo nome consta entre os votantes, com certidão de óbito anexada à denúncia.
“É uma afronta à memória do militante e um desrespeito à democracia interna do PT”, afirmou a chapa Partido Forte.
Outras irregularidades e histórico de problemas
Além dos votos de mortos, a denúncia cita:
- Falsificação de assinaturas;
- Duplicidade em 91 páginas de votação;
- Irregularidades em Itabuna e outros municípios.
O grupo já protocolou um pedido de impugnação e ameaça levar o caso ao diretório nacional e à Justiça comum.
A crise reabre debates sobre a vulnerabilidade dos processos internos do partido. Em 2017, o diretório nacional anulou votações em 30 cidades paulistas por fraudes semelhantes.
Reação do PT baiano
O diretório estadual do PT não se pronunciou diretamente à imprensa, mas o diretório de Camaçari divulgou nota alegando que os erros nas listas de votação foram causados por:
- “Rubricas grandes o suficiente para ocupar duas ou três linhas”;
- Tumulto e má iluminação no local de votação.
“Refutamos qualquer narrativa opositora que tente macular o nosso processo eleitoral”, diz a nota. O partido promete acionar o jurídico para responsabilizar os autores das denúncias.
Disputa interna e tensões regionais
A vitória de Tássio Brito, com 73% dos votos, reforça o grupo de Jaques Wagner e enfraquece aliados do ministro Rui Costa, que optou por não se envolver diretamente na disputa. Com cerca de 42 mil filiados votando, foi uma das eleições mais disputadas e conturbadas do ciclo 2025 do Processo de Eleição Direta (PED).
Judicialização em outras cidades
As disputas jurídicas não se limitaram aos casos de mortos votando. Em Itabuna, a candidata Nina Germano teve a candidatura anulada por suposta inadimplência e precisou recorrer à Justiça, que garantiu sua participação e estipulou multa de R$ 15 mil por dia em caso de descumprimento.
Situação parecida foi registrada em Feira de Santana, onde outro candidato também buscou o Judiciário para garantir o direito de concorrer.