
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta quarta-feira (16) restabelecer a eficácia do decreto que aumentou a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A medida devolve vigência ao ajuste tributário suspenso anteriormente, impactando operações de crédito e câmbio.
A decisão foi tomada de forma monocrática e tem efeito imediato, restabelecendo os percentuais fixados pelo governo federal em decreto presidencial. A ação ainda poderá ser analisada pelo plenário da Corte, caso haja recurso.
Risco sacado foi excluído
A única exceção foi a cobrança sobre operações de risco sacado, que foi revogada pelo magistrado.
A medida resolve, na canetada, por ora, a disputa entre o Poder Executivo e o Congresso Nacional, que travavam um embate sobre a validade e os limites do decreto presidencial.
O que é o risco sacado e por que foi excluído
O risco sacado é uma operação muito comum no varejo brasileiro. Trata-se de uma espécie de antecipação de pagamento feita por empresas a seus fornecedores, com a intermediação de bancos, mediante taxas.
Antes do decreto, tais transações não eram consideradas operações de crédito — e, portanto, não estavam sujeitas à cobrança de IOF. O governo tentou mudar isso por decreto, o que foi considerado ilegal por Moraes.
“A equiparação normativa realizada pelo decreto presidencial das operações de ‘risco sacado’ com ‘operações de crédito’ feriram o princípio da segurança jurídica, pois o próprio Poder Público sempre considerou tratar-se de coisas diversas”, justificou o ministro.
Moraes vê violação à legalidade tributária
Na avaliação de Moraes, o governo federal extrapolou sua competência ao tentar alterar a natureza jurídica do risco sacado por meio de um decreto. Tal mudança, segundo o ministro, viola o princípio da legalidade tributária, que exige lei específica para criação ou aumento de tributos.
Além disso, o relator apontou que a tentativa de equiparação entre operações distintas rompe a segurança jurídica.
Tentativa frustrada de conciliação
Na véspera da decisão, Moraes conduziu uma audiência de conciliação entre representantes do governo federal e do Congresso Nacional. A intenção era chegar a um acordo sobre o decreto. No entanto, as partes preferiram que o Supremo tomasse uma decisão direta.
Duas semanas antes, o próprio Moraes havia suspendido o decreto do governo e também a revogação feita pelo Congresso, o que resultou no retorno temporário das regras anteriores do IOF.
O que é o IOF e como a mudança afeta o contribuinte
O IOF é um imposto federal que incide sobre operações como empréstimos, financiamentos, compras com cartão de crédito no exterior, seguros e investimentos em câmbio. O aumento da alíquota geralmente tem como objetivo aumentar a arrecadação ou controlar determinadas operações financeiras.
Contexto político e econômico da decisão
A volta da cobrança mais elevada do IOF ocorre em um momento de forte tensão entre os Poderes da República e de debate sobre os limites da atuação do STF em matérias fiscais e administrativas. A decisão de Alexandre de Moraes deverá reacender as discussões sobre o papel da Corte em assuntos de impacto direto sobre a economia e a população, principalmente ao ocorrer via decisão individual.