
Advogada Viviane Barci teve visto suspenso e pode sofrer punições financeiras por suposto benefício da atuação do ministro
O governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, decidiu suspender o visto de entrada da advogada Viviane Barci, esposa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como parte das sanções impostas em meio à crise diplomática com o Brasil. A decisão foi anunciada pelo secretário de Estado Marco Rubio, que já havia determinado a revogação do visto do próprio Moraes e de seus familiares.
A medida vai além de uma simples restrição de entrada no país. Segundo autoridades americanas, Viviane Barci está sob investigação por comandar o escritório de advocacia Barci de Moraes, o qual Washington acredita ser beneficiado pela atuação do marido no STF. A leitura da Casa Branca é de que a atuação de Moraes como ministro da Suprema Corte brasileira teria gerado um ambiente favorável ao crescimento financeiro do escritório da esposa, configurando um possível conflito de interesses.
Sanções com impacto financeiro em análise
Além da suspensão do visto, o governo norte-americano avalia aplicar sanções econômicas diretas a Viviane Barci, com base na suspeita de que a principal fonte de renda do casal seja proveniente da atividade advocatícia dela. A Casa Branca considera possível incluir seu nome em mecanismos legais que permitam restrições financeiras e bloqueio de bens, caso haja comprovação de favorecimento decorrente do cargo do ministro.
Washington estuda também ampliar a investigação para outros membros do STF cujas esposas atuam na área jurídica. Entre os nomes mencionados estão os ministros Cristiano Zanin, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, cujas cônjuges mantêm atividades profissionais ligadas ao direito.
Declaração oficial de Marco Rubio
Na sexta-feira (18), Marco Rubio utilizou sua conta na rede social X (antigo Twitter) para anunciar as sanções. Segundo ele, a medida tem “efeito imediato” e atinge não apenas Moraes e seus aliados no STF, mas também seus familiares próximos. Rubio justificou a decisão como uma resposta àquilo que chamou de “caça às bruxas política” promovida por Moraes contra Jair Bolsonaro.
“A perseguição do ministro Alexandre de Moraes criou um complexo de censura que ultrapassa as fronteiras do Brasil, atingindo inclusive cidadãos americanos”, declarou Rubio.
Ministros reagem à pressão dos EUA
Integrantes do STF ouvidos pela imprensa afirmaram que não pretendem alterar sua conduta judicial em função das sanções e da pressão internacional. A avaliação interna da Corte é de que as medidas norte-americanas representam uma ingerência indevida sobre o funcionamento do Judiciário brasileiro.
O episódio marca uma escalada inédita nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, com possível impacto em decisões jurídicas, relações institucionais e nos vínculos entre os dois países nos próximos meses.