
Governo estuda medida após suspensão do visto de Alexandre de Moraes pelos Estados Unidos
Ministros do Palácio do Planalto vão sugerir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a adoção de uma medida de reciprocidade contra os Estados Unidos. A proposta é que o Brasil passe a restringir a concessão de vistos para autoridades americanas ligadas ao presidente Donald Trump e para dirigentes de grandes empresas de tecnologia — as chamadas big techs.
A reação surge após a revelação de que o visto americano do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, foi suspenso, assim como os de seus familiares e aliados na Corte. A medida, anunciada nesta sexta-feira (18), foi vista como um gesto político por parte dos EUA, o que motivou integrantes do governo brasileiro a cogitarem uma resposta direta.
Segundo um dos ministros que articulam a proposta, a ideia é que a restrição atinja integrantes do entorno do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O mesmo integrante do governo afirmou que também está em estudo a possibilidade de suspender os vistos de executivos das big techs, sinalizando um endurecimento da posição brasileira em relação ao cenário internacional.
A recomendação será apresentada ao presidente Lula como uma ação simbólica, de caráter diplomático, que possa demonstrar insatisfação com a postura adotada pelo governo americano em relação a uma autoridade brasileira do mais alto escalão do Judiciário. A medida de reciprocidade, comum nas relações internacionais, tem como objetivo afirmar a soberania nacional e a paridade entre os países.
Antes de qualquer decisão oficial, o tema ainda passará por avaliações jurídicas e diplomáticas dentro do governo. O Itamaraty e os órgãos técnicos responsáveis devem analisar o impacto prático da medida e os seus desdobramentos para as relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos, tanto no campo político quanto econômico.
Se aprovada, a restrição aos vistos representaria uma escalada nas tensões diplomáticas entre os dois países e poderia afetar diretamente o trânsito de figuras ligadas ao universo político e empresarial americano no Brasil. A proposta está sendo tratada com cautela, mas reflete uma crescente preocupação do governo com eventuais ingerências externas sobre o Judiciário brasileiro.