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China: autoridades são acusadas de encobrir envenenamento de mais de 250 crianças por chumbo

Governo aponta manipulação de exames e negligência em caso de contaminação de merenda escolar com pigmento tóxico

Governo aponta manipulação de exames e negligência em caso de contaminação de merenda escolar com pigmento tóxico

O envenenamento de mais de 250 crianças em um jardim de infância na China foi encoberto por autoridades de saúde e funcionários hospitalares que manipularam exames de sangue e obstaculizaram investigações.

Um relatório de investigação, preparado por uma força-tarefa entre o Partido Comunista e o governo local, contém as informações mencionadas. Esse documento foi divulgado no domingo (20), conforme noticiado pelo jornal The New York Times.

A situação foi revelada em novembro de 2024, quando os pequenos estudantes do jardim de infância Peixin, situado na cidade de Tianshui, na parte ocidental do país, começaram a exibir níveis altos de chumbo em sua corrente sanguínea.

De acordo com informações policiais, o diretor da instituição de ensino instruiu o time da cozinha a comprar a tinta, cuja etiqueta indicava ser não comestível. Imagens capturadas por câmeras de segurança, divulgadas pela mídia estatal da China, exibem os funcionários incorporando o pigmento às massas no processo de preparação dos alimentos.

Quando as crianças começaram a mostrar sinais de doença, os cozinheiros tentaram ocultar os frascos de tinta, porém, os investigadores foram capazes de recuperá-los. De acordo com o relatório do governo chinês, as autoridades manipularam resultados de laboratório, negligenciaram sintomas sérios e interferiram nos testes de propósito.

A causa do incidente foi a inclusão de uma tinta adquirida online para “melhorar a aparência” de bolos de tâmara vermelha cozidos no vapor e pães de milho com recheio de salsicha, servidos na alimentação escolar.

Exames de laboratório identificaram quantidades preocupantes de chumbo nos alimentos: 1.052 mg/kg no bolo e 1.340 mg/kg no pão, números que ultrapassam em até 2.000 vezes o limite seguro de 0,5 mg/kg definido pelas autoridades de saúde chinesas.

O documento indica que a instituição de ensino operava sem a devida autorização, aceitava donativos ilegais de um financiador privado e estava sujeita a vistorias alimentares superficiais. Além disso, o relatório menciona que amostras de sangue eram negligenciadas por horas ou manipuladas para modificar os resultados.

De acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), das 251 crianças que foram avaliadas, 247 tiveram resultado positivo para contaminação por chumbo, assim como 28 dos 34 professores da escola. Até o domingo passado, 234 crianças estavam hospitalizadas para serem monitoradas pelos médicos.

Segundo a BBC do Reino Unido, oito indivíduos – incluindo a diretora, seis membros da equipe da cozinha e o principal patrocinador da escola – foram detidos. Além disso, outras 17 pessoas, tais como chefes de hospitais e funcionários da secretaria de educação da cidade e do comitê de saúde provincial, estão sendo investigadas.

A substância tóxica conhecida como chumbo pode provocar graves problemas de saúde, notavelmente em crianças. Ela afeta o desenvolvimento do cérebro, do sistema nervoso e de órgãos vitais como o fígado e os rins.

A ingestão direta de alimentos com altos níveis de chumbo, como ocorreu em Tianshui, é extremamente preocupante devido à contaminação alimentar. Ela pode resultar em sintomas imediatos e complicações a longo prazo.

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