Irã anuncia que voltará a enriquecer urânio, reacendendo tensões globais
A declaração foi dada pelo ministro de Relações Exteriores, Abbas Araqchi

Na segunda-feira 21, Abbas Araqchi, o ministro das Relações Exteriores do Irã, afirmou que o país manterá seu investimento no programa nuclear, enfatizando o enriquecimento de urânio, apesar dos estragos feitos pelos bombardeios dos Estados Unidos em instalações nucleares. Antes de sua reunião em Istambul na sexta-feira 25 com representantes da Alemanha, França e Reino Unido para conversar sobre o assunto, Araqchi deu uma entrevista à Fox News.
Conforme informado pelo ministro, nesta terça-feira, 22, o Irã faria consultas prévias com a China e a Rússia a fim de buscar alinhamento com seus aliados. Os ataques levados a cabo pelos Estados Unidos em 22 de junho atingiram a instalação de enriquecimento de Fordo e as plantas nucleares de Isfahan e Natanz, subsequentemente ao apoio à ofensiva israelense contra o Irã. O presidente Donald Trump declarou que os EUA irão repetir a ação “se for necessário”.
Orgulho nacional e negociações
Araqchi explicou que, apesar da interrupção temporária devido aos “graves danos”, o país não abrirá mão do enriquecimento de urânio, considerando a atividade uma conquista científica e questão de orgulho nacional. “Há uma paralisação, porque, sim, os danos são graves, mas, evidentemente, não podemos renunciar ao enriquecimento, porque é uma conquista dos nossos próprios cientistas”, afirmou Araqchi à Fox News. “E agora, além disso, é uma questão de orgulho nacional.”
O direito ao enriquecimento nuclear no Irã deverá ser garantido em qualquer acordo futuro, enfatizou o diplomata. Mesmo após negociações diretas não frutíferas entre maio e junho, Araqchi ressaltou que o país permanece “aberto” para conversas indiretas com os Estados Unidos, além de dialogar com os europeus.
A reunião em Istambul será a primeira desde o embate de 12 dias ocorrido em junho entre o Irã e Israel, que foi seguido por ataques aéreos dos Estados Unidos. Em 2015, o Irã e os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, incluindo a Alemanha, estabeleceram um pacto que limitava o programa nuclear iraniano em troca da redução de sanções. Porém, em 2018, Trump decidiu de maneira unilateral retirar os Estados Unidos do acordo e reinstaurou as sanções.
Danos às instalações e resposta iraniana
Questionado sobre a preservação do urânio enriquecido, Araqchi disse não possuir “informações detalhadas”, mas informou que a agência atômica iraniana avalia o material existente. Trump afirmou que os bombardeios destruíram “completamente” as instalações de Fordo, Natanz e Isfahan, contestando reportagens que sugeriam danos menos severos.
Araqchi confirmou à Fox News a extensão dos prejuízos: “Sim, as instalações foram destruídas. Foram gravemente destruídas.” No entanto, destacou que o conhecimento científico persiste. “Mas a tecnologia está lá; nosso programa nuclear, nosso programa de enriquecimento não é algo importado do exterior que possa ser destruído com bombardeios.”
Trump comemorou as afirmações do ministro iraniano em uma postagem na Truth Social, declarando: “Justo como eu disse, e faremos de novo se for necessário!”. Araqchi reafirmou que o Irã concorda em continuar com as negociações indiretas para mostrar a natureza pacífica do programa nuclear, contanto que os EUA revoguem as sanções aplicadas ao país.
O ministro também afirmou que o Irã mantém “um bom número de mísseis” para defesa, mesmo depois dos ataques israelenses a depósitos de armas. O líder supremo Ali Khamenei, segundo Araqchi, demonstrou estar “em muito boa forma e muito saudável” durante encontro realizado pouco antes da entrevista à Fox News.
As informações são da Revista Oeste