ArtigoNotícias

O efeito dos filtros na autoestima da geração Z

A geração Z cresceu em um ambiente hiperconectado, no qual a exposição constante é parte do cotidiano

Nos últimos anos, os filtros digitais deixaram de ser apenas um recurso divertido para se tornarem uma parte central da forma como a geração Z se expressa e se enxerga nas redes sociais. Com apenas alguns toques, rostos são suavizados, imperfeições desaparecem e traços faciais são remodelados em busca de um padrão de beleza cada vez mais homogêneo e idealizado. Essa estética artificial, no entanto, não vem sem consequências: ela tem exercido um impacto direto e profundo na autoestima e na percepção de identidade dos jovens.

A cultura da imagem e a busca pela perfeição

A geração Z cresceu em um ambiente hiperconectado, no qual a exposição constante é parte do cotidiano. Aplicativos como Instagram, TikTok e Snapchat popularizaram os filtros ao ponto de normalizar rostos alterados, criando uma expectativa irreal do que significa ser bonito. Muitos jovens, ao se verem sem filtros, sentem que sua aparência “real” não é suficiente, reforçando inseguranças e aumentando a pressão para corresponder a padrões inalcançáveis. Essa comparação constante entre o “eu digital” e o “eu real” acaba corroendo a autoestima e gerando sentimentos de inadequação.

Da brincadeira à distorção da autoimagem

Se antes os filtros eram usados como entretenimento, hoje eles funcionam como uma espécie de maquiagem digital permanente. O problema surge quando os jovens passam a se identificar mais com a versão filtrada do que com sua verdadeira aparência. Estudos recentes apontam que esse fenômeno está ligado ao aumento de casos de ansiedade social, depressão e até mesmo da chamada “dismorfia do Snapchat”, um distúrbio em que a pessoa deseja se parecer com sua versão editada a ponto de buscar procedimentos estéticos invasivos.

Essa distorção da autoimagem pode impactar diretamente a confiança em situações do dia a dia, como encontros sociais, entrevistas de trabalho ou até mesmo interações simples, já que a pessoa sente que nunca estará “à altura” daquilo que mostra online.

Pressão estética e comparação constante

Outro fator determinante é o algoritmo das redes sociais, que privilegia conteúdos visualmente atrativos e reforça o culto à perfeição. Rostos padronizados, corpos “esculturais” e estilos de vida idealizados são repetidos à exaustão, levando os usuários a acreditar que a maioria das pessoas vive de acordo com esses padrões. Para a geração Z, que ainda está em fase de construção da identidade e da autoconfiança, esse cenário pode intensificar sentimentos de exclusão e fracasso, minando ainda mais a autoestima.

Resistência e movimentos de autenticidade

Apesar desse panorama preocupante, também cresce um movimento contrário dentro da própria geração Z. Muitos influenciadores e criadores de conteúdo passaram a adotar uma postura mais autêntica, mostrando fotos sem filtros, compartilhando suas inseguranças e discutindo abertamente sobre saúde mental. Essa busca pela transparência reflete uma tentativa de equilibrar o impacto negativo dos filtros e promover um padrão de beleza mais inclusivo e diverso.

Além disso, algumas plataformas começaram a sinalizar conteúdos com filtros ativos, numa tentativa de trazer mais consciência sobre o uso excessivo dessas ferramentas e reduzir a comparação injusta entre o real e o digital.

Entre a liberdade criativa e a responsabilidade emocional

É inegável que os filtros oferecem liberdade criativa, permitem brincar com a estética e até mesmo funcionam como forma de expressão artística. Porém, é fundamental que os jovens compreendam os riscos de se apegar a uma versão distorcida de si mesmos. Educação digital, diálogo aberto sobre autoestima e incentivo à diversidade são passos essenciais para minimizar os efeitos nocivos dessa cultura.         Baixar video Instagram

No fim, o desafio da geração Z não é abandonar os filtros, mas aprender a usá-los de forma consciente, entendendo que beleza não se resume ao que é mostrado nas telas. A verdadeira mudança está em resgatar a confiança no rosto que existe antes da edição e valorizar aquilo que nenhum filtro pode replicar: a singularidade de cada indivíduo.

Fonte: Izabelly Mendes

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo