
Na manhã deste sábado, movimentos sociais realizaram o Sarau Cultural Salve o Parque na Avenida do Poeta, em Campo Grande, para chamar atenção para a necessidade de regulamentação da Zona de Amortecimento (ZA) do Parque Estadual Prosa — área de proteção prevista em lei, mas ainda sem normas definidas pelo governo estadual. O Parque, uma Unidade de Conservação de Proteção Integral prevista pela Lei do SNUC (nº 9.985/2000), deve possuir uma zona tampão capaz de minimizar impactos ambientais no seu entorno.
Os manifestantes afirmam que, sem essa regulamentação, a Prefeitura de Campo Grande tem autorizado a construção de empreendimentos de grande porte dentro da ZA, o que, segundo eles, ameaça a biodiversidade local e desequilibra o ecossistema. “O Complexo do Parque dos Poderes é rota para aves migratórias, que vão se chocar com os arranha-céus. Chega a ser maldade as fachadas espelhadas previstas, pois os pássaros vão se chocar com elas e virão a óbito”, alertou a advogada ambientalista Giselle Marques. Ela lembrou ainda que uma decisão judicial que suspendia as obras foi derrubada pelo Tribunal de Justiça.

A arquiteta Luza Basso Driessen reforçou a gravidade da situação, destacando que ao menos 15 edifícios já estão previstos para a ZA, totalizando mais de 5 mil novas unidades habitacionais e 7 mil vagas de estacionamento. Para ela, o modelo de ocupação trará impactos como impermeabilização do solo, aumento do assoreamento das nascentes do Córrego Prosa, poluição atmosférica e sonora, além do crescimento no fluxo de veículos em uma área onde circulam antas, tamanduás, quatis, jibóias e outros animais silvestres — elevando o risco de atropelamentos.
O Conselho Gestor do Parque já emitiu nota técnica propondo critérios para o uso da ZA (Moção nº 01/2025), mas o documento ainda não foi homologado pelo governo estadual. Enquanto isso, afirmam os organizadores, licenças ambientais e alvarás continuam sendo concedidos pela Prefeitura “ao arrepio da Constituição Federal”, permitindo desmatamentos e o início de obras na região.
O sarau contou com apresentações do grupo Vozmecê, que trouxe músicas com temática ambiental, como “Ipê Amarelo”, além da banda Yestersom com clássicos do rock. O bailarino Brunno Guima animou o público com uma performance de dança cigana. Entre os participantes estavam artistas, estudantes, professores universitários, arquitetos, engenheiros e advogados, além dos vereadores Landmark e Jean Ferreira, presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal.
A mobilização, segundo os organizadores, busca sensibilizar autoridades e população para a importância de proteger o entorno do Complexo do Parque dos Poderes. “Ano que vem teremos eleições, e vamos alertar as pessoas para que escolham representantes compromissados com a proteção dessa área”, afirmou Brunno Guima.
O evento foi organizado pelos movimentos sociais SOS Parque dos Poderes, Amigos do Parque e Movimento pela Justiça Climática.
Da redação Mídia News




