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Os negócios da J&F com a Venezuela voltam aos holofotes

Da carne à energia, entenda os interesses comerciais da holding de Joesley Batista no país vizinho

O recente voo do empresário Joesley Batista para Caracas reacendeu o debate sobre os vínculos entre J&F Investimentos — holding controladora da JBS — e o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela. A visita, ocorrida em 23 de novembro, teve como alegado objetivo persuadir o dirigente venezuelano a renunciar, à luz de apelos internacionais. Isso reavivou a atenção aos negócios que a J&F mantém — ou já manteve — no país.

Principais áreas de atuação da J&F na Venezuela

Setor de alimentos — Há cerca de uma década, a JBS negociou um contrato de aproximadamente US$ 2,1 bilhões com o governo venezuelano para o fornecimento de carne bovina e frango em larga escala, suficiente para suprir quase metade da demanda de carne e cerca de um quarto da demanda de frango do país.


Fontes mencionam também acordos antigos com produtos como leite em pó, ampliando o leque de alimentos fornecidos à Venezuela.

Energia elétrica — Um dos braços da J&F, a empresa Âmbar Energia, obteve autorização do governo brasileiro para importar energia elétrica da Venezuela, com o objetivo de abastecer o estado de Roraima — o único do país que não está ligado ao Sistema Interligado Nacional. Apesar de a operação ainda não ter saído do papel por falta de infraestrutura, a habilitação permanece válida.

Petróleo e gás — Com a compra em 2023 da empresa de exploração de petróleo e gás Fluxus — voltada à América Latina — a J&F abriu caminho para tentar futuros investimentos na Venezuela e em outros países da região. A Fluxus chegou a abrir escritório em Caracas e avaliava oportunidades no setor petrolífero, aproveitando ativos venezuelanos nacionalizados no governo Chávez.

Relação comercial e diplomática com o regime venezuelano

Historicamente, os negócios da J&F com a Venezuela envolveram desde exportações de carne e frango até negociações de leite em pó — em um contexto de grave crise econômica e escassez de alimentos no país.

No aspecto energético, a tentativa de importar eletricidade se insere numa estratégia maior de diversificação e expansão do grupo, ainda que a concretização dependa de adequações técnicas e logísticas.

Já o interesse no setor de petróleo e gás por meio da Fluxus ilustra a ampliação dos horizontes da holding para além da agropecuária, mirando os recursos naturais da América Latina — com a Venezuela entre os alvos prioritários.

2025 e a reaproximação — influência e diplomacia empresarial

A viagem de Joesley a Caracas em 2025, para encontrar Maduro e pedir sua renúncia, reacendeu suspeitas sobre o real papel da J&F: empresa comercial, investidora ou enviada extraoficial em missão diplomática. Embora a holding tenha declarado que Joesley “não representa nenhum governo”, a operação reverberou internacionalmente e resgatou antigas conexões entre o grupo e o regime venezuelano.

O episódio também evidencia como os interesses econômicos da J&F — que vão de proteína animal a energia e petróleo — podem se sobrepor a considerações puramente comerciais, assumindo contornos geopolíticos.

Conclusão

Os negócios da J&F com a Venezuela abrangem setores variados: alimentos, energia elétrica e potencial petróleo e gás. Apesar de nem todas as iniciativas terem se concretizado — como no caso da importação de energia —, o histórico de exportações de alimentos na crise venezuelana, somado às novas ambições no setor energético e petrolífero, mostra que o grupo mantém um interesse consistente e estratégico no país. A recente aproximação diplomática via Joesley Batista reacende o debate sobre o papel de conglomerados privados em relações internacionais e sobre os limites entre comércio, influência e política.

Da redação Mídia News

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