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Cidadania Glocal para o Pantanal

Chegaram nestas distantes barrancas, a notícia que foi empossada nossa primeira Secretária da Secretaria de Estado da Cidadania, e os pantaneiros, informados da criação de uma Subsecretaria para Políticas Públicas para Povos Originários, que no conceito corrente, seria voltada especificamente para nossos parentes indígenas.

Parece-nos extremamente apropriado essa feliz lembrança de levar cidadania a comunidades distantes e minorias, mas já que a nova SEC é uma estrutura nascente , tentaremos justificar a inserção também de uma Subsecretaria de Políticas Públicas para as Populações Tradicionais Pantaneiras, afinal o Pantanal representa um terço do Estado de MS e sustentabilidade não deveria ser um negócio só disponível para amenizar o “spleen” de alguns milionários.

Os pantaneiros viveram um ano de sobressaltos, com muita ingerência externa e várias escandalosas denúncias, e só estudando nosso emérito pensador Milton Santos, conseguimos começar a digerir tão concupiscente confusão, criada na tal mídia nacional, objetivando, como eles mesmo afirmam: “-tirar o atraso.”

O Professor Milton Santos nos dá conta de que temos de raciocinar numa ordem mundial que relaciona, o global e o local. A ordem global serve-se de verificar locais onde há populações esparsas, passíveis de serem objetos de um sistema, dito tecno científico e informacional, para neles produzir ou introduzir o que denominou de “verticalidades”.

Já a ordem local do Pantanal, diz respeito à uma população contígua de objetos e cultura, reunidos por um território e pelo território, regidos em profunda solidariedade, por completa interação numa natureza mutante, caracterizando então uma contínua “horizontalidade”.

Nunca é demais relembrar que milionário barco pode ter de abarrancar num humilde porto e lá receber toda a assistência que necessita, dizem que a sentença do Pantanal é que, em suas lonjuras, ninguém é tão pobre que não possa ajudar e ninguém é tão rico, que possa prescindir de ajuda.

O mesmo se dá quando se quebra numa estrada, se atola num brejo ou areião, e um humilde vaqueiro que ia passando, vai providenciar o socorro e a assistência necessárias.

Já que abordamos verticalidades e horizontalidades conceitos geográficos, o Pantanal se mostra também, na mesma visão miltoneana como uma paisagem, que apesar de singularmente bela, considerados os séculos de habitação por populações humanas pode ser também geograficamente descrita: :-como um conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre o homem e a natureza.”

Definido paisagem, podemos avançar para a “concepção naturalista” que compreende duas definições, agora para território: uma estabelecida pelos animais e uma outra que envolve o comportamento “natural” dos homens (darwinismo social).

Chegamos aqui ao ponto que queríamos demonstrar: O pantaneiro é produto original, oriundo de povos originários europeus, africanos e deste coração da América, que juntos nestes rusticos pantanais, encontraram mais que a própria sobrevivência, adaptaram-se e deslumbram o mundo com sua evolução conjunta sustentável.

Evolução adaptativa comprovada, quer na paisagem da flora ou da fauna selvagem, paradisíacas situações para urbanos, e os próprios animais das criações doméstica tão diferenciados, “pantaneiros”, pois que adaptados ao meio ambiente: hora inundado, hora desértico, hora quente, hora congelante, miríade de insetos ferradores e mordedores, onde a única constância é a inconstância …

Portanto, para este afluente das Políticas Públicas para a plena cidadania, urge um órgão governamental para cuidar, institucuionalmente, das Políticas Públicas para as Populações Tradicionais Pantaneiras…

Como já exaustivamente abordado, sua missão primordial, seria rever a cassação do voto rural de todos pantaneiros, restabelecendo a cidadania na Planície do Pantanal, já nesta próxima eleição, nas urnas eletrônicas das escolas pantaneiras e porque não? Até em urnas volantes, por ar, terra e água, para colher os sufrágios, comunidade por comunidade, propiciando a nossos anciãos, adultos e jovens a possibilidade de serem verdadeiros cidadãos do Pantanal.

Global e Local tem o mesmo significado em inglês ou português, temos certeza que, mesmos nossos mais distantes viajantes desta nave mãe terra, não desconhecem e querem copiar a sustentabilidade do Pantanal, que consiste num prodígio de cultura evolutiva natural, somos hoje no mundo, o melhor exemplo de que é possivel unir algumas conveniências da verticalidade global com a horizontalidade local, nisto que poderíamos batizar de cultura GLOCAL do PANTANAL.

Publicamos estas informacoes conceituais, como forma de auguramos sucesso à nova Secretária da SEC, Viviane Luiza da Silva, informando-a que, sempre humildemente, o Pantanal nunca impõe, só expõe!

Armando Arruda LacerdaPorto São Pedro 06/01/2024

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