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Ditadura da Venezuela bloqueia portais de notícias a uma semana das eleições

Provedores de internet na Venezuela bloqueiam acesso a portais de notícias, denuncia Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa

Os principais provedores de serviços de internet bloquearam o acesso aos portais de notícias venezuelanos TalCual, Runrunes e El Estímulo, bem como ao da associação civil Medianálisis, conforme denunciado na segunda-feira pelo Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP).

“Três meios de comunicação foram bloqueados neste 22 de julho pelos principais ISP (provedores de serviços de internet) da Venezuela: Diário TalCual, El Estímulo e Runrunes. É uma escalada contra a liberdade de imprensa, de expressão e informação, a apenas seis dias das eleições presidenciais”, afirmou o SNTP na plataforma X.

Além disso, foi denunciado o bloqueio do acesso ao site da associação civil Medianálisis.

Víctor Amaya, diretor do TalCual, informou à EFE que o site foi bloqueado nesta segunda-feira, aproximadamente às 12h15 (16h15 GMT), por seis fornecedores de internet, incluindo a Cantv, empresa estatal. Segundo Amaya, esta é a primeira vez que o portal TalCual sofre um bloqueio e ele destacou várias possíveis razões para tal medida, incluindo o discurso de campanha presidencial do ditador Nicolás Maduro, que concorre à reeleição, onde ele “fala que os meios preparam algum tipo de operação midiática contra ele, o que pode ter motivado uma decisão de algum poder para atacar isso, enquanto se criminaliza a imprensa”.

Amaya também fez referência a um acordo entre o TalCual e a plataforma de verificação de dados Espaja, a qual foi bloqueada no dia 4 de julho, para a replicação de suas informações. Ele declarou: “Para um governo que decidiu bloquear uma página, ver seus conteúdos aparecendo em outra pode ser incômodo”.

Entretanto, o diretor editorial do Runrunes, Luis Ernesto Blanco, disse à EFE que a página do meio já sofreu esse tipo de bloqueio em anos anteriores, “coincidindo com a publicação de trabalhos de investigação e reportagens especiais”. Ele explicou que, nesta segunda-feira, a restrição se intensificou para o Runrunes.

“Na Venezuela, há anos, vemos uma política de restrição do espaço informativo. Não se trata apenas do Runrunes, mas de muitos portais informativos independentes e, inclusive, de verificação”, acrescentou.

O Ministério da Informação e a estatal Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel) não responderam imediatamente às solicitações de comentários feitas pela agência de notícias Reuters.

Carlos Correa, diretor da ONG Espacio Público, uma organização que monitora a liberdade de expressão e cuja página também foi bloqueada recentemente, afirmou que “é, sem dúvida, um fato muito grave dado o contexto eleitoral.”

“Por que é grave? Basicamente, os processos eleitorais necessitam de informação para que as pessoas possam tomar decisões ou caso ocorra qualquer eventualidade”, acrescentou Correa.

O bloqueio dos meios de comunicação na plataforma X foi comentado pelo Colégio Nacional de Jornalistas, que afirmou que tal medida “não ajuda em nada no clima de paz, igualdade e informação que deve existir” durante as eleições.

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