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Com inflação em alta, Governo Lula avalia aumento do Bolsa Família

Medida pode aquecer economia e, paradoxalmente, pressionar ainda mais os preços dos alimentos

Diante da disparada da inflação dos alimentos, o governo  estuda reajustar o valor do Bolsa Família. A proposta, defendida pelo ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, busca compensar o aumento no custo da alimentação, mas pode gerar um efeito contrário: aquecer a economia e, consequentemente, impulsionar ainda mais os preços.

“Temos que preparar, entre fevereiro e março, um relatório ao presidente. O principal problema já não é o câmbio. Temos que manter [o benefício no piso de] 40 dólares, que é o padrão internacional para o consumo. O problema é o preço do alimento, que teve essa elevação brusca do fim do ano passado para cá”, disse Dias em entrevista à Deutsche Welle Brasil.

O ministro afirmou que a decisão sobre um possível reajuste será tomada até o fim de março, após discussões na Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan).

Governo evita conter gastos e busca soluções paliativas

Lula elegeu o combate à inflação dos alimentos como prioridade para 2024, mas sem reconhecer o impacto da política fiscal expansionista de seu próprio governo na alta dos preços.

Enquanto medidas concretas de austeridade são descartadas, seus ministros têm apresentado sugestões pouco eficazes. O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, por exemplo, sugeriu que os brasileiros substituíssem a laranja por frutas mais baratas. O governo também cogitou flexibilizar as regras sobre a data de validade dos produtos vendidos em supermercados.

Proposta de controle de preços entra na pauta

A falta de estratégia clara para conter a inflação levou até mesmo aliados do governo a sugerirem intervenções diretas no mercado. O senador Beto Fato (PT-BA) apresentou um projeto de lei para fixar preços mínimos para itens básicos como arroz, feijão e mandioca, uma medida que, na prática, pode distorcer o mercado e gerar desabastecimento.

Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, torce contra a inflação sem apresentar uma solução efetiva. Já Lula abandonou seu indicado ao Banco Central, Gabriel Galípolo, que enfrenta dificuldades para conter a alta dos preços sem o respaldo do governo na política fiscal.

Diante desse cenário, o governo segue buscando medidas paliativas para um problema que exige ajustes estruturais, sem tocar no cerne da questão: a necessidade de reduzir os gastos públicos para controlar a inflação.

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