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Médicos implantam dente na bochecha para restaurar visão de paciente

Canadense cego passará por procedimento raro e pode voltar a enxergar

O canadense Brent Chapman, de 33 anos, pode finalmente recuperar a visão após um tratamento inovador que envolve o implante de um dente no olho. A técnica, conhecida como osteo-odonto ceratoprótese (OOKP), utiliza um dente do próprio paciente como suporte para uma córnea artificial e já tem sido aplicada com sucesso em outras partes do mundo.

Chapman, que perdeu a visão devido a uma condição autoimune, passou esta semana pela primeira etapa do procedimento no Hospital Mount Saint Joseph, em Vancouver. Se tudo correr como planejado, ele poderá voltar a enxergar em poucos meses.

Como funciona o procedimento “dente no olho”?

Embora pareça algo saído de um filme de ficção científica, a técnica OOKP é uma solução eficaz para pacientes que perderam a visão devido a danos severos na córnea. O cirurgião oftalmológico Greg Moloney, responsável pelo caso, explicou como o processo acontece.

  1. Remoção do dente: Primeiramente, um dente de Chapman foi extraído, moldado em formato de retângulo e perfurado no centro para receber uma lente óptica de plástico.
  2. Implante na bochecha: O dente foi então implantado temporariamente na bochecha, onde permanecerá por três meses. O objetivo é que o tecido da mucosa se desenvolva ao redor do dente, criando uma camada de sustentação para o futuro implante ocular.
  3. Preparação do olho: Durante o mesmo procedimento, o cirurgião substituiu parte da superfície do olho de Chapman por um enxerto de tecido da sua própria bochecha, garantindo que o olho esteja pronto para receber o implante.

Após esse período de cicatrização, será realizada a segunda cirurgia, onde o dente será retirado da bochecha e inserido no globo ocular, substituindo a lente natural danificada.

“O dente não tem nenhum tecido conjuntivo pelo qual eu possa realmente passar uma sutura para conectá-lo ao globo ocular. Então, o objetivo de implantá-lo na bochecha por três meses é para que ele ganhe uma camada de tecido de suporte”, explicou Moloney à CTV News.

A última esperança após 50 cirurgias

Brent Chapman já passou por 50 procedimentos cirúrgicos nos últimos 20 anos na tentativa de restaurar sua visão. Ele perdeu a capacidade de enxergar devido à síndrome de Stevens-Johnson, uma reação autoimune rara desencadeada por uma dose de ibuprofeno que tomou após um jogo de basquete, quando tinha apenas 13 anos.

Embora algumas cirurgias anteriores tenham trazido breves momentos de visão parcial, os efeitos nunca foram permanentes. Agora, ele deposita suas esperanças nesse novo tratamento.

“Quando eu a recuperava, era uma espécie de descarga de adrenalina. Então eu a perdia de novo e era de partir o coração, e eu meio que afundava nessa depressão”, contou Chapman à CBC.

A expectativa é que, após a segunda etapa do procedimento, ele volte a enxergar de forma definitiva.

Um avanço promissor para a medicina

A osteo-odonto ceratoprótese é considerada uma alternativa revolucionária para casos onde os tratamentos tradicionais de córnea não são viáveis. A aceitação do dente pelo corpo do paciente reduz o risco de rejeição, tornando a cirurgia mais eficaz do que o transplante de córneas artificiais convencionais.

Se bem-sucedido, o caso de Brent Chapman pode abrir caminho para que mais pacientes ao redor do mundo tenham acesso a essa técnica inovadora, restaurando não apenas a visão, mas também a qualidade de vida.

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