Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo (1960-1996), iniciou um processo judicial que pode afetar muitos criadores de conteúdo associados à direita política. O produtor cultural argumenta que a utilização da música Que País É Este por aqueles que apoiam o ex-presidente em vídeos no TikTok acaba tendo uma inclinação oposta à que seu pai sempre defendeu.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o sucessor emitiu uma notificação não judicial à ByteDance, dona do TikTok. Ele solicita a remoção de vídeos na plataforma que apresentam conteúdo bolsonarista e utilizam a canção do líder do Legião Urbana como música de fundo. Adicionalmente, o jovem requer que todas as informações cadastrais e registros de IPs de no mínimo sete contas sejam disponibilizados.
Nas postagens que estão sendo compartilhadas no TikTok, apoiadores de Bolsonaro utilizam imagens do ex-presidente junto a manchetes como “o comunista Flávio Dino é aprovado em sabatina e irá para o STF”, “o Brasil está irreparável” e “milhões de votos são silenciados”, em referência à situação que tornou Jair Bolsonaro inelegível. O relatório também destaca que todos os conteúdos publicados possuem uma natureza política e ideológica que não condizem com os princípios defendidos por Renato Russo.
Giuliano Manfredini expressa que não deseja que as canções do Legião Urbana sejam associadas a ideologias de direita ou a glorificação do governo anterior de Jair Bolsonaro. O advogado Henrique Ventureli reforça que seu cliente não busca restringir a utilização da música, mas não quer que ela se transforme no símbolo de uma política que não corresponde à sua própria visão de mundo.
A Folha relatou que o TikTok não fez nenhum comentário a respeito da notificação extrajudicial. O advogado do filho de Renato Russo indicou que pode haver a chance de que os usuários que produziram os vídeos sejam eventualmente processados.
Em novembro de 2023, o filho de Renato Russo levou à Justiça uma acusação de um desfalque de R$ 20 milhões nas contas da Legião Urbana Produções Artísticas, uma empresa fundada em 1987 para gerir os rendimentos de direitos autorais da banda. Segundo a Folha, a acusação surgiu após uma auditoria que expôs uma situação de caos em relação aos lucros da companhia. Atualmente, há um inquérito em andamento para identificar os autores do desvio.