A Justiça de São Paulo decretou, nesta segunda-feira (3), a falência da Editora Três, responsável pelas revistas IstoÉ e IstoÉ Dinheiro. A decisão, proferida pelo juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho, aponta descumprimentos reiterados do plano de recuperação judicial da empresa.
Além da falência, a sentença inclui o bloqueio de ativos financeiros, como contas bancárias e imóveis da editora.
A decisão chega dez dias após o anúncio do fim das versões impressas das revistas, o que já indicava a grave crise enfrentada pela empresa.
Crise, salários atrasados e condições precárias de trabalho
Nos últimos meses, a situação dos jornalistas da Editora Três se tornou insustentável. Dos cerca de 50 funcionários, a maioria trabalhava como pessoas jurídicas (PJ), sem contratos formais, o que dificultava o acesso a direitos trabalhistas básicos.
Segundo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), os profissionais estavam há meses sem receber salários em dia, sem acesso ao 13º salário e sem depósitos no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Essa precarização motivou uma greve que já durava quase um mês, evidenciando o colapso da editora antes mesmo da decisão judicial.
Sindicato promete assistência jurídica aos profissionais afetados
Com a falência decretada, o departamento jurídico do SJSP se mobiliza para garantir que os profissionais prejudicados recebam os valores devidos no processo de falência.
O objetivo é assegurar que os direitos trabalhistas dos funcionários sejam respeitados, evitando que eles saiam de mãos vazias após anos de dedicação à empresa.
Fim de um ciclo e reflexões sobre o jornalismo no Brasil
A falência da Editora Três marca o fim de uma era para a IstoÉ, que, apesar de suas controvérsias editoriais e dificuldades financeiras crônicas, teve papel relevante na mídia brasileira.
O caso também expõe a fragilidade do modelo de negócios da imprensa tradicional, que enfrenta queda na receita publicitária, mudanças no consumo de notícias e crises de credibilidade.
Para os funcionários, resta a incerteza sobre o futuro de suas carreiras e a esperança de que a Justiça assegure seus direitos.